A taxa social única (TSU) foi criada em 1986 e corresponde aos descontos de trabalhadores e das entidades empregadoras para a Segurança Social. 35 anos depois, a presidente do Conselho das Finanças Públicas, Nazaré da Costa Cabral, abre a porta a um estudo desta taxa antes de uma eventual descida, segundo entrevista divulgada esta terça-feira pelo Jornal de Negócios.."O valor da TSU está praticamente inalterado desde os anos 80, quando foi criada. O que significa que ela não acompanha a evolução dos riscos sociais e porque na verdade a desagregação [que existe] não é uma desagregação atuarial no verdadeiro sentido da palavra, é uma desagregação financeira", refere a economista, especialista em Segurança Social..Atualmente, a TSU sobre os trabalhadores é de 11%, enquanto os empregadores têm de descontar 23,75%. Nazaré da Costa Cabral defende uma redução da percentagem junto das empresas.."Eu acharia interessante podermos um dia pensar na redução da carga que as entidades empregadoras suportam, porque de facto é uma carga elevada, mas enquanto nós não conhecermos verdadeiramente o sistema e aquilo que o sistema efetivamente compra com esta taxa de 34,75%, essa discussão fica limitada. Porque é arriscado. É arriscado quando temos custos que aliás se apresentam como sendo crescentes. Seria necessária uma análise atuarial profunda", acrescenta..A TSU abriu polémica em setembro de 2012, quando o então primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, anunciou a redução da contribuição dos empregadores de 23,75% para 18%; em sentido inverso, a contribuição dos trabalhadores subiria dos 11% para os 18%. A medida acabou por ser fortemente contestada a nível nacional e foi um forte argumento para a manifestação "Que se lixe a troika", que reuniu centenas de milhares de pessoas em 15 de setembro de 2012..Passos Coelho acabaria por recuar, na semana seguinte. As mexidas na TSU foram postas de parte; em outubro de 2012, o então ministro das Finanças, Vítor Gaspar, anunciou um Enorme aumento de impostos, como a redução de oito para cinco escalões do IRS e a introdução de uma sobretaxa sobre os rendimentos.