Para Robert Yildirim não há dúvidas: "Somos investidores de longo prazo em Portugal." E o país é uma aposta importante na rota da Yilport para se tornar um dos dez principais operadores de portos do mundo em 2025..Em entrevista ao Dinheiro Vivo quando chega a Portugal para apresentar um investimento que ronda os 200 milhões de euros, maioritariamente para modernizar os portos de Lisboa e Leixões, o CEO da concessionária turca que em 2016 adquiriu as operações portuárias à Mota-Engil mostra-se confiante na capacidade de atrair mais negócio a Portugal. E foi com esse objetivo que se processou a verdadeira revolução levada a cabo no Terminal de Contentores de Alcântara, com o investimento privado a garantir, além das gruas de última geração que ali começaram a operar no arranque do ano, seis E-RTG (elétricos e com operação remota), ECO - Reach Stackers, a repavimentação de todo o pátio de contentores e novos edifícios, um para operações/manutenção e outro para inspeções de alfândega e PIF.."Comprámos os terminais em péssimas condições - as gruas estavam velhas e constantemente a parar por precisarem de manutenção, as instalações muito envelhecidas não permitiam níveis de eficiência ou prestar um bom serviço aos navios de carga - e fizemos questão de começar por essas reformas estruturais", conta Robert Yildirim ao Dinheiro Vivo. "O compromisso que firmámos com o governo foi esse e implicou um investimento a rondar os 45 milhões em Leixões e de 123 milhões de euros no Terminal de Alcântara, de forma a aumentar a capacidade de receção de navios de maior dimensão, reduzir custos de transporte na cadeia logística e obter ganhos nas exportações nacionais, atraindo mais cargas para serem movimentadas em Portugal.".No total, essa transformação profunda empreendida nos portos sob gestão dos turcos - que traz "melhorias significativas não só a nível ambiental, como no incremento de segurança das operações", incluindo as novas gruas totalmente elétricas que permitem movimentar mercadorias com menor impactos, nomeadamente nas emissões de CO2 durante as operações - implicou "um capex a rondar 200 milhões". .Robert Yildirim admite que "ainda não é tempo de falar em retorno do investimento", mas acredita que ele chegará. "O projeto é bom e estamos confiantes de que conseguiremos a extensão de 5 anos no Porto e de 20 em Lisboa." Mesmo porque a Yilport está "numa relação séria" com Portugal. "Somos investidores de longo prazo e isso vê-se pelo trabalho e esforço de reconversão e expansão feito nomeadamente no Terminal de Alcântara, aonde fizemos chegar, a 1 de janeiro, quatro gruas da japonesa Mitsui, as melhores que se fabricam no mundo e que impressionam quem ali aporta."."Estou muito contente com o que estamos a fazer aqui", orgulha-se o CEO, que hoje recebe na Gare Marítima de Alcântara, em Lisboa, o ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, ao lado de quem apresentará o investimento e o projeto da Yilport no país. E que não se esgota no trabalho feito. ."Queremos captar para Lisboa os grandes contentores das maiores companhias mundiais, atrair aqui grandes cargueiros americanos. Isso dará um excelente contributo para a economia portuguesa", revela o presidente da Yilport, partilhando planos de intervenção no fundo do rio de forma a que esses navios possam aportar. "Também está nos nossos planos levar duas destas gruas para Setúbal e explorar mais opções em Leixões. O objetivo, para o que estamos em conversações com o governo português e as autoridades portuárias, é tornar os portos portugueses verdadeiramente competitivos em relação aos espanhóis.".Yildirim assegura que a comunicação entre o grupo que lidera e o Executivo português tem sido aberta e proveitosa, apesar do "atraso nos processos de decisão, que por vezes têm consequências ao nível das oportunidades de negócio". Queixas, só tem dos efeitos das greves convocadas pelos sindicatos de estivadores - "quase todos os meses há paragens", lamenta, "e isso põe em causa a satisfação dos clientes". .De resto, o CEO garante que o grupo - que tem presença, além de Espanha e da Turquia, na Noruega e Suécia, em Malta e Itália, no Equador, Peru e Guatemala - está bem consciente da sua contribuição para a economia nacional. "Queremos ajudar Portugal na sua rota de crescimento e isso passa muito pelas exportações e pelas atividades portuárias; estamos numa posição única para cumprir esse desígnio", conclui o presidente da Yilport, que por cá tem ainda a gestão dos portos de Aveiro, Figueira da Foz, Setúbal, a Tersado e a Sotagus.