Usar aplicações móveis, ter um sistema de isenção de impostos nas compras de turistas (tax free) e aderir às novas formas de pagamentos: a ideia-chave é facilitar o investimento na cidade. E se é de turistas que se fala, esse investimento é feito na forma de compras e consumo..Para os destinos turísticos poderem ficar com a parte de leão do valor que os viajantes deixam para trás – 217 milhões de euros anuais, segundo o Deutsche Bank – é preciso aliar compras à tecnologia..[caption id="attachment_485079" align="alignnone" width="683"]. Foto: Artur Machado / Global Imagens[/caption].Esta foi a conclusão de vários especialistas reunidos em Madrid para a Fitur, a 2.ª conferência da Organização Mundial de Turismo, que se realizou na sexta-feira..O turismo de compras é muito volátil, move-se cada vez com “mais rapidez” e é importante acompanhar as tendências com “tecnologia aplicada à compra”, algo que é hoje uma “prioridade”, diz a diretora da revista Condé Nast Traveler, Sandra del Rio..Luciano Ochoa, diretor da Innova Tax Free, sublinha que é fundamental inovar e “facilitar ao turista que invista na cidade” através do uso de aplicações móveis, uma ferramenta adicional para o aumento de vendas. Paralelamente, o sistema de isenção de impostos (tax free) é “essencial” para garantir a “satisfação e o retorno do turista, já que a devolução dos impostos é um direito que o turista exige”..Também não pode ficar para trás a adaptação às novas formas de pagamento que vão surgindo, frisou Eva Ruiz Cendon, diretora de marketing da Mastercard para Espanha e Portugal..As compras dos turistas movimentam cerca de 217 mil milhões de euros em todo o mundo. Para garantir que arrecadam uma fatia desse valor, os destinos investem em estratégias que tornam as compras indissociáveis da visita, como acontece com os mercados de Natal da Alemanha, as boutiques dos parisienses Campos Elísios, os mercados noturnos de Hong Kong ou o grande bazar de Istambul..Os países mais visitados do mundo – França, EUA, China, Espanha, Itália, Turquia, Alemanha, Reino Unido, Rússia e Malásia – têm vindo a adotar políticas específicas para melhorar a experiência de compras para os turistas. Em 2014, Paris lançou a campanha “Compras em Paris”, que incluiu um pacote de 10% de desconto aos turistas em 270 lojas ao longo de determinado período. Espanha desenvolveu a campanha “Preciso de Espanha”, em que o turismo de cidades e as compras eram promovidos em conjunto..Em Lisboa aposta-se nas compras.Por cá, a Associação de Turismo de Lisboa (ATL) aproveita as campanhas de promoção de "Turismo de Negócios, City Breaks ou Cruzeiros" para integrar "sempre as compras como uma característica distintiva de Lisboa, especialmente nos mercados mais sensíveis a essa motivação", como explica Vítor Costa, diretor-geral da ATL..[caption id="attachment_485570" align="alignleft" width="300"]. Foto: Artur Machado / Global Imagens[/caption]."A motivação das compras é um elemento que atribui valor a todos os outros produtos turísticos da Lisboa sendo, cada vez mais, um fator que contribui para a atratividade do destino", explicou o responsável..A cada ano, especialmente entre maio e outubro, mais e mais turistas angolanos, brasileiros, chineses e russos exploram as lojas da Avenida da Liberdade, da Rua Castilho, do Chiado, da Baixa e do Príncipe Real..Os mercados que mais crescem são a China (+82%), os EUA (+81%) e Moçambique (+44%) e as compras são "a segunda principal atividade dos turistas na região, a seguir à visita a monumentos, atrações e museus", sendo uma atividade realizada por 60,6% dos turistas em 2014..No Porto, compras aliam-se à gastronomia.O El Corte Ingles e o Outlet de Vila do Conde são os dois principais parceiros da Associação de Turismo do Porto e Norte (ATPN) na promoção do turismo de compras na cidade Invicta. "Para a semana, vamos ter uma famtrip [viagem de apresentação do destino para agentes de viagens ou outros] de chineses e temos pelo menos dois momentos de compras na agenda", exemplificou Helena Gonçalves, diretora executiva da ATPN..[caption id="attachment_485080" align="alignleft" width="200"]. Foto: Artur Machado / Global Imagens[/caption]."O turismo de compras é um produto a desenvolver em associação com outros produtos turísticos, como a gastronomia ou o touring cultural, e temos de focar-nos cada vez mais nos mercados asiáticos que estão a crescer na região", acrescentou..A renovação urbana em zonas como a Rua das Flores, Cândido dos Reis ou Galerias de Paris é, para a responsável, exemplificativa da "importância do comércio para o turismo e vice-versa e condiz com a imagem de cidade cosmopolita que o Porto quer dar"..Não há ainda dados concretos, na região, quer permitam desenhar um perfil do turista e saber o valor das compras no destino, mas a ATPN está a preparar o lançamento de um Observatório do Turismo, no segundo semestre deste ano.