Turismo e património: um desígnio nacional

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É reconhecido por todos o papel fundamental que o turismo desempenha na economia nacional. Boa parte do seu poder de atração está centrado nos 17 bens que se encontram inscritos na lista de Património Mundial da Humanidade da UNESCO. Do Mosteiro dos Jerónimos e Torre de Belém à Paisagem da Cultura da Vinha da Ilha do Pico, ou do Centro Histórico do Porto à Cidade-Quartel Fronteiriça de Elvas e suas fortificações, Portugal tem sítios maravilhosos... embora, para mim, o mais especial seja o que me leva a escrever estas breves linhas de reflexão.

A "Universidade de Coimbra, Alta e Sofia" celebra neste mês o décimo aniversário da sua classificação como Património Mundial da Humanidade. A efeméride vai ser o pretexto para um vasto programa comemorativo, de cariz científico e cultural (e que terá como ponto alto o concerto e espetáculo performativo No Princípio era o Fado, a 22 de junho, em pleno Pátio das Escolas). Mas o que pretendemos, essencialmente, é promover a reflexão e dar um novo fôlego à forma como cuidamos do nosso património, garantindo o saudável equilíbrio entre a sua preservação e a presença de turistas que legitimamente pretendem visitá-lo.

Esse é, de certa maneira, o desafio do setor turístico nacional: como massificar a oferta sem a descaracterizar? O turismo e o património são, por isso, um desígnio nacional. E quando se tem a distinção da UNESCO isso fica ainda mais óbvio. O número anual de visitantes na Universidade de Coimbra mais do que duplicou desde 2013 (baixando apenas nos anos de pandemia, por razões óbvias). Todavia, os encargos com a preservação desse património também cresceram exponencialmente - ascendem a muitos milhões de euros desde 2013.

Ser uma das cinco universidades em todo o mundo classificadas pela UNESCO - a única reconhecida simultaneamente pelas componentes material e imaterial, pelo papel único desempenhado na constituição e unidade da língua portuguesa ao longo dos séculos, naquilo a que hoje comummente chamamos de "mundo lusófono" - é uma honra imensa. Mas este museu vivo, com um património de valor incalculável, tem de ser preservado dia após dia.

Seria bom que a tutela, perante o subfinanciamento crónico que há muito vivemos (transversal a várias governações), reconhecesse as especificidades das instituições de ensino superior, que são muito mais do que isso.

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