Turismo: Férias, quanto mais baratas e mais tarde melhor

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Três noites em quarto duplo para duas pessoas, pequeno-almoço buffet

incluído, e programa de fim de ano, com cocktail, jantar de gala com

música ao vivo e ceia, a partir de 128 euros.

Este é um dos muitos pacotes que o hotel de 5 estrelas Viking Resort, na

Praia da Rocha, no Algarve, está a promover para captar os portugueses

que este ano, com os orçamentos familiares mais apertados, resolveram

trocar as férias de Natal e Ano Novo no estrangeiro por destinos mais em

conta, como o Algarve. Em média, os preços estão 10% mais baratos.

"Com as medidas de austeridade a provocarem uma forte retração do

consumo, a hotelaria e o turismo também têm de se adaptar e baixar os

preços", reconhece Miguel Júdice, presidente da Associação de Hotelaria

de Portugal (Ver entrevista aqui).

As Pousadas de Portugal, por exemplo, estão já a oferecer 20% de

desconto para este período festivo, enquanto muitos outros operadores

optaram por "flexibilizar as ofertas", ou seja, "criar pacotes com menos

noites e tornar as desistências menos penalizadoras".

Quem também tem apostado nos preços baixos são os sites de compras em

grupo como a Groupon, LetsBonus, Dizcounte Odisseias, com descontos até

70%. Num ano, a LetsBonus vendeu mais de 50 mil viagens com descontos de

até 60% a portugueses.

"A crise está a obrigar as famílias a procurar destinos mais baratos e

as marcações só são feitas quase em cima da hora, aproveitando as

promoções", explicam outros operadores. Por isso, é ainda prematuro

traçar cenários quanto às taxas de ocupação no Natal e Ano Novo.

Mas uma coisa é certa: "Espera-se uma queda nas férias de lazer fora do

País", diz Paulo Brehm, porta-voz da Associação Portuguesa das Agências

de Viagens e Turismo (APAVT). As expectativas são de uma quebra de 20%,

em linha, aliás, com a descida registada no verão.

Esta realidade é confirmada pelo estudo do Instituto de Planeamento e

Desenvolvimento do Turismo (IPDT): três em cada quatro portugueses não

viajaram de férias este verão. E dos que revelaram intenções de viajar,

quase metade (47%) fez férias cá dentro.

Apontando o dedo à crise, o responsável da APAVT explica ainda que "os

portugueses estão também a marcar as férias mais tarde, o que denota uma

pesquisa mais aprofundada e cuidadosa de alternativas mais em conta, ou

seja, low cost, com tudo incluído. Muitos são os portugueses que ficam à

espera das oportunidades de última hora", diz Paulo Brehm. Ou até mesmo

de dinheiro que sobra das prendas.

Além que as viagens, não de turismo, mas de trabalho das empresas que procuram novos mercados fora de portas, para fugir à crise, aumentaram 30%, em 2011. A expetativa é que este ano o crescimento de dois dígitos se mantenha. Ver aqui notícia.

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