A startup Twoosk impede que cabos de fibra ótica, materiais para antenas ou simples parafusos usados mas em boas condições acabem no lixo. Este projeto de economia circular foi fundado em 2017 e é um supermercado de peças para as pequenas operadoras de telecomunicações um pouco por toda a Europa.
“Somos uma montra de oportunidades e de raridades para empresas de telecomunicações. Encontramos as pessoas que precisam de peças e libertamos as empresas do fardo de gerir material em excesso e que, assim, não perde o seu valor”, assinala Rui Barbosa Guedes, líder desta startup.
A plataforma permite “encontrar qualquer produto em apenas três segundos”, ao contrário do que acontece habitualmente, em que as respostas são dadas por telefone ou por e-mail e acabam por demorar pelo menos meio dia.
As pequenas telecom, sobretudo regionais, são as principais destinatárias do serviço. “Temos o exemplo da Lazer Telecom, no Algarve, e de dezenas de pequenas operadoras na Andaluzia. Estas empresas não têm uma estrutura de compras como as grandes operadoras.”
Atualmente, a Twoosk tem produtos à venda avaliados em seis milhões de euros e que vêm apenas de fabricantes reconhecidos neste mercado.
“São produtos originais, que nos dão maiores garantias. Também temos pequenos operadores e que nos dizem que têm muitos produtos para vender. O que nos exigem é que o produto seja novo, não usado e que tenha garantia de embalagem.”
Como a Twoosk é apenas um marketplace - isto é, um facilitador -, quem define os preços dos produtos são os próprios vendedores. “Apenas podemos aconselhá-los e indicar-lhes o preço justo.” Caso o negócio seja concretizado, a startup fica com uma comissão. Os produtos à venda não são comprados à unidade e as entregas podem ser feitas entre o dia a seguir à encomenda e ao fim de sete dias, se for utilizado o transporte regular.
A ideia da Twoosk nasceu em 2016, depois de Rui Barbosa Guedes ter passado pela indústria automóvel, pela Procter & Gamble e de ter ingressado nas telecomunicações através da Zon (a atual NOS).
Também fundaram esta startup André Pires Manteigas e Paulo Alexandre Santos, fundadores de uma consultora e que tinham um negócio na venda de materiais a vários operadores. “Houve a necessidade de uma empresa comprar material de telecomunicações e outra que tinha esse mesmo material mas em excesso. Era o match perfeito.”
Rui Barbosa esteve mais de um ano a trabalhar sozinho. “Só depois da Web Summit de 2017 é que começámos a contratar pessoas.” Entretanto, foram investidos 450 mil euros, provenientes apenas dos três sócios fundadores, e a equipa já conta com nove pessoas.
Até ao final deste ano, a empresa conta ter material avaliado em 20 milhões de euros. Só que “para crescer ao ritmo que é necessário”, é preciso financiamento.
“A estrutura está sólida, temos o plano e a visão. Se aparecer um parceiro que traga conhecimento, capacidade de escalar e dinheiro, será bem-vindo. Por si só, o dinheiro não faz falta porque não acrescenta valor. Precisamos de pessoas que nos ajudem a percorrer o caminho com mentoria, uma visão compatível e garra. No mundo das startups, faz falta encontrar a mentalidade certa.”