UE não pode depender dos mercados para redistribuir benefícios, diz Elisa Ferreira

Precisamos de um estímulo que ajude os mais fracos a enfrentar este forte desafio de usar os seus ativos e as suas capacidades num mercado aberto e muito competitivo", vincou a comissária europeia
A comissária europeia da Coesão e Reformas, Elisa Ferreira
A comissária europeia da Coesão e Reformas, Elisa FerreiraCarlos Carneiro / Global Imagens
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A comissária europeia da Coesão e Reformas, Elisa Ferreira, considerou, na abertura do Fórum da Coesão, que a União Europeia não pode depender das "forças de mercado" para assegurar a redistribuição de benefícios no espaço do mercado único.

"Não podemos, como decisores de políticos, depender das forças do mercado para assegurar uma distribuição automática e justa dos benefícios deste enorme mercado, com todas as mobilidades dentro de si: capitais, pessoas e trabalhadores", disse hoje a comissária europeia na abertura do nono Fórum da Coesão, em Bruxelas.

Segundo Elisa Ferreira, as liberdades existentes no mercado europeu "não criam, naturalmente, pelo menos no médio-prazo, qualquer tipo de equilíbrio natural".

"Por isso, precisamos de uma política pública. Precisamos de uma política de desenvolvimento regional. Precisamos de um estímulo que ajude os mais fracos a enfrentar este forte desafio de usar os seus ativos e as suas capacidades num mercado aberto e muito competitivo", vincou.

O objetivo é que "cidadãos de cada lugar, país, região ou cidade possam sentir e beneficiar da integração" europeia e no mercado único.

Mais à frente no seu discurso, a comissária portuguesa considerou que alguns dos desequilíbrios que ainda persistem na União "também se devem a estratégias de desenvolvimento territorial desadequadas".

"Temos de aprender a combinar melhor diferentes tipos de grandes cidades, cidades médias, vilas pequenas e áreas rurais", considerou, caso contrário são criados "impactos não desejados por toda a Europa, e mesmo dentro dos Estados-membros" da UE.

Para Elisa Ferreira, "todos estes diferentes centros urbanos têm o seu lugar e o seu papel a desempenhar", mas ao mesmo tempo, devido a "muitas políticas que impactam e determinam estas tendências, muitas regiões ficaram paradas desde a crise financeira de 2008".

Em muitos países, como vários do sul da Europa, a crise "introduziu uma grande retração na economia, mas também nos instrumentos que podem fomentar o desenvolvimento".

Na sua apresentação, Elisa Ferreira apresentou precisamente um gráfico da formação bruta de capital fixo (vulgo investimento) desde 2008, indicador no qual os países do sul da Europa comparam negativamente face a outras regiões da União Europeia, dos Estados Unidos, ou da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OECD).

Muitas destas regiões estão também presas na 'armadilha' da 'fuga de cérebros', ou seja, a qualificação de pessoas que depois não aplicam os seus saberes nas regiões onde foram formados.

"Quando não há crescimento numa região, quando a região se está a tornar muito velha, quando não há capacidade para reter os mais qualificados e dar-lhes oportunidades de emprego, criando condições para as suas famílias se estabelecerem, temos a 'fuga de cérebros'", descreveu, um problema que tem "mesmo" de ser abordado.

Elisa Ferreira defende que deve haver "diferentes receitas para os diferentes problemas" destas regiões, alertando ainda que estas podem cair "no veneno do descontentamento político".

*** A Lusa viajou a convite da Comissão Europeia ***

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