Um rumo para a Inteligência Artificial em Portugal

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A corrida à Inteligência Artificial (IA) está a valorizar as gigantes tecnológicas e a animar a bolsa de Wall Street. Esta semana, a Microsoft e a Apple foram ultrapassadas no top 3 das empresas mais valiosas do mundo pela Nvidia (com uma avaliação de 3,16 biliões de euros), que conquistou esta posição pela elevada procura por chips e processadores gráficos, que, devido à febre da IA e à escassez no mercado, se tornaram cada vez mais valiosos para outras empresas tecnológicas como a própria Microsoft (só esta deve representar 15% da receita da Nvidia, segundo a Bloomberg), Meta, Amazon e Alphabet, explica a Forbes. A Nvidia controla entre 70 a 90% do mercado de chips de IA, segundo as contas da Mizuho Securities à CNBC. Não é de admirar o entusiasmo dos investidores com os resultados trimestrais apresentados no final de maio, com as subidas de 262% nas receitas e de 628% nos lucros, face ao período homólogo, e uma subida de 150% nos dividendos pagos aos acionistas.

Apesar de o recurso acelerado à IA acarretar desafios importantes, como o aumento da capacidade mundial para gerar e transferir energia capaz de alimentar os data centers com elevada capacidade computacional, segundo o estudo AI Leaders to Watch da Bain & Company, entre 2020 e 2023, o financiamento da IA em todo o mundo aumentou 12 vezes, passando de 2,01 mil milhões de dólares para 23,7 mil milhões. Para mim, as declarações de Álvaro Pires, sócio da Bain & Company, em comunicado, dizem o essencial que deve alertar as empresas, principalmente as portuguesas (onde a IA deverá destruir, nos próximos dez anos, 480 mil postos de trabalho e criar outros 400 mil, segundo a Randstad), se não querem perder este comboio da revolução tecnológica. “As empresas enfrentam o dilema de terem de avaliar aceleradamente se devem construir ou comprar soluções; no caso de comprarem, terão ainda que decidir com quem trabalhar. Ao mesmo tempo esta é uma decisão complexa. É preciso agir rapidamente para não ficar para trás, já que, embora algumas empresas venham a ter sucesso a longo prazo, outras ficarão pelo caminho.”

Com este movimento mundial, é inegável que a IA veio para ficar - e as empresas nacionais devem estar conscientes disso. A consultora International Data Corporation estima que o investimento em IA deva ultrapassar os 100 milhões de euros em Portugal e que cresça a um ritmo de 25% ao ano entre 2023 e 2027. Mas é igualmente importante que o

Governo implemente rapidamente uma estratégia que possa não só dotar a Administração Pública da modernização necessária, como apoiar a transição que os privados devem fazer e que possibilite investimentos robustos. O futuro da economia nacional depende destes dois fatores e do impacto que têm na sociedade.
Portugal tem talento, tem grupos de investigação em IA muito bem posicionados e startups com visões disruptivas de futuro, não há como não ligar a ciência à inovação, não há como não apostar em modelos de língua portuguesa. As grandes tecnológicas mundiais estão a motivar a aceleração da IA,     nós temos de estar motivados para a sua implementação nas nossas empresas e nos serviços públicos.

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