Unicórnio espanhol Factorial levanta 80 milhões para crescer em Portugal

Financiamento liderado pela General Catalyst segue-se a uma série C, em 2022, que fez ascender a valorização da startup aos mil milhões de dólares.
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A espanhola Factorial, que desenvolveu uma plataforma de gestão de recursos humanos (RH) focada nas Pequenas e Médias Empresas (PME), anunciou esta quinta-feira que captou 80 milhões de dólares (cerca de 74,5 milhões de euros, à taxa de câmbio atual) numa ronda de investimento liderada pela empresa de venture capital (VC) norte-americana General Catalyst.

A Factorial explica, em comunicado, que a mais recente injeção de capital vai permitir fortalecer a sua posição, mas também crescer sem impactar negativamente o balanço ou diluir a participação dos acionistas existentes. Isto porque, ao financiar parte dos custos iniciais associados à aquisição de novos clientes, a General Catalyst assume o risco de perda, permitindo que a Factorial mantenha a sua estabilidade financeira enquanto expande seus negócios.

Trata-se de uma “flexibilidade sem precedentes” da qual a empresa se servirá para investir estrategicamente no desenvolvimento e engenharia de produto, tendo em vista o lançamento de soluções de qualidade superior para os seus clientes. Especificamente em Portugal - um dos mercados “mais importantes, com uma base de clientes sólida e em crescimento” - a startup quer reforçar a sua presença, investindo em iniciativas de marketing e vendas.

"Somos uma das empresas de software com crescimento mais rápido na Europa, por isso, queríamos ter a capacidade de manter a nossa trajetória de crescimento sem nunca precisarmos de uma equity round. Esta parceria com a General Catalyst é exatamente o que procurávamos: podemos focar-nos na criação de produtos de qualidade e ajudar mais clientes sem nos preocuparmos em garantir fundos”, comenta Jordi Romero, CEO e cofundador do unicórnio.

Também Moran Laufer, diretor financeiro da startup, destaca a importância do financiamento para impulsionar as atividades de vendas e marketing da empresa: “Seremos capazes de acelerar os nossos esforços de aquisição de clientes de uma forma eficiente em termos de capital, assegurando assim um crescimento rápido e sustentável, enquanto duplicamos efetivamente o retorno do capital próprio para os nossos investidores.”

Fundada em 2016, em Barcelona, por Jordi Romero (CEO), Bernat Farrero (CRO) e Pau Ramon (CTO), a Factorial dedica-se a simplificar a gestão de pessoas e negócios, através de uma plataforma que permite concentrar questões que vão desde o relógio de ponto aos recibos de vencimento e benefícios. Atualmente, conta com mais de dez mil clientes globais, marcando presença em nove países.

Portugal já contribui com 10% das receitas totais da Factorial

Em entrevista ao Dinheiro Vivo, o presidente executivo do unicórnio espanhol salienta o papel fundamental de Portugal na expansão global da empresa: se, por um lado, “a economia dinâmica e em crescimento, combinada com um ambiente favorável aos negócios e à inovação” torna o país num destino naturalmente atrativo, por outro, a crescente digitalização das empresas nacionais “representa uma oportunidade para expandir a presença e conquistar mais quota de mercado”. 

Além de ser um país que apresenta “potencial de crescimento futuro, com possibilidade de parcerias estratégicas nas várias regiões europeias”, é também uma “porta de entrada” que em muito pode contribuir para o objetivo de reforçar a liderança que a Factorial já detém no sul do Velho Continente, acrescenta Jordi Romero. 

Sobre o balanço da atividade, o CEO afirma que, desde a sua entrada em Portugal, em 2021, a Factorial “tem tido um desenvolvimento notável, demonstrando um crescimento exponencial ao longo do tempo”. Em concreto, a dimensão da startup tem triplicado todos os anos, refletindo-se esta evolução sobretudo no aumento do número de clientes: atualmente, são mais de mil as empresas nacionais que compõem a sua carteira, sendo que o destaque da adesão vai para as Pequenas e Médias Empresas (PME). 

As cifras, defende o mesmo responsável, comprovam “a forte presença e aceitação no mercado nacional”. No universo da Factorial, a operação portuguesa já contribui com mais de 10% das receitas totais, assumindo, por isso, “muita importância económica e estratégica”.

Determinada em crescer e expandir-se, a startup afirma que vai alocar ao território luso - onde estima que existam mais de um milhão de PME - uma parte significativa da nova ronda de investimento, com o intuito de conquistar a confiança de mais clientes, reforçar a oferta de produtos e serviços e consolidar a sua posição como líder no setor dos RH.

Retenção de talento e digitalização são os maiores desafios das PME nacionais

Na leitura que faz sobre as empresas nacionais, Jordi Romero identifica diversos desafios na área dos recursos humanos. Não obstante a relevância dos restantes, há dois que considera especialmente urgentes: a retenção de talento e a digitalização dos processos empresariais.

“Depois da pandemia, Portugal registou um êxodo significativo de talentos qualificados e jovens à procura de oportunidades mais atrativas no estrangeiro. Esta emigração conduziu a défices de competências em vários setores, comprometendo o crescimento e a inovação das empresas nacionais”, começa por apontar.

Além disso, acrescenta, a preferência por empregos remotos aumentou consideravelmente, impulsionada pela digitalização crescente das empresas, trazendo um desafio adicional para a retenção de talento e a competitividade.

Para fazer face a estes mesmos desafios, o CEO da Factorial considera imperativo implementar estratégias de digitalização, não só para melhorar a eficiência e competitividade, mas também para atrair e reter profissionais num ambiente de trabalho mais flexível e colaborativo.

Com a tendência de digitalização cada vez mais presente na economia portuguesa, ressalta, exigem-se abordagens inovadoras das empresas para se manterem competitivas globalmente.

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