Usar óculos inteligentes é estúpido

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A não ser que sejam Ray-Ban. Vamos ser honestos, ninguém consegue usar um par de Google Glass sem ficar com um aspecto um pouco parolo.

Esbarrei com alguns "Explorers" (é o nome do programa de testes iniciais dos óculos) no congresso MWC em Barcelona e percebi porque é que lhe chamam Glassholes. Não há tradução possível. Denomina as pessoas que usam Google Glass e que se comportam como se fossem uma estirpe diferente de humanos. Pode não ser consciente, pode não ser de propósito; mas é constrangedor. Se alguém com aquele penduricalho na cara se aproxima, pensamos: "que diabos, estará a gravar? Estará a fazer uma pesquisa no Google? Se calhar já me enviou um email, e sabe que eu li e não respondi logo." Pouco provável.

A verdade é que os óculos só gravam por curtos períodos de tempo, e o utilizador tem de bater na haste ou pedir em voz alta que inicie a gravação ou tire uma foto. O mesmo para outras funções.

Bom, sendo assim: se não está a gravar, não está a fazer pesquisas nem a enviar emails, se não está a fazer nada com os óculos, então porque é que os traz na cara? Porque é um Glasshole. A não ser, é claro, que sejam uns Ray-Ban. Ou Oakley. E vão ser: a Google e a Luxottica assinaram um acordo que irá permitir à fabricante desenhar, desenvolver e distribuir óculos baseados em Glass. Ray-Ban e Oakley, as suas marcas icónicas.

O gadget que hoje é visto como um indicador de níveis de bazófia - uma mulher foi agredida num bar há umas semanas por usar Glass - vai tornar-se num acessório de moda, que poderá fazer pendant com o relógio inteligente.

A data prevista de chegada dos primeiros modelos ao mercado é 2015. O que leva à questão: serão facilmente identificados como óculos inteligentes? Ou andará por aí malta com óculos que parecem normais e na verdade tiram fotos a tudo o que mexe?

A Google não antecipou, provavelmente, a resistência forte que os óculos estão a encontrar no mercado - há episódios de violência, proibições preventivas em locais como bares e restaurantes, iniciativas legislativas contra o seu uso em determinadas instâncias. Depois da agressão no bar, a Google publicou um guia de conduta para os Explorers, que ainda são uma comunidade controlada.

Quando chegarem ao mercado de massas, só o preço vai determinar quem os usa e para quê.

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