Em julho, e de acordo com os dados do Banco de Portugal, o valor dos créditos em moratória estava nos 36,8 mil milhões de euros, o que representa uma queda na casa dos 700 milhões de euros face ao mês anterior. Comparando com setembro do ano passado, mês segundo o banco central em que o montante de empréstimos em moratória foi mais elevado - 48,1 mil milhões de euros - a queda é ainda mais pronunciada: 11,3 mil milhões de euros.
"No final de julho de 2021, o montante global de empréstimos abrangidos por moratórias era de 36,8 mil milhões de euros, menos 0,7 mil milhões do que em junho. Esta variação resulta do decréscimo tanto dos empréstimos concedidos a particulares como a sociedades não financeiras, que diminuíram 0,2 e 0,5 mil milhões de euros, respetivamente", indica a instituição liderada por Mário Centeno.
O Banco de Portugal explica ainda que, no final de julho, "os empréstimos de particulares abrangidos por moratórias eram de 14,2 mil milhões de euros", sendo que, deste montante, 12,9 mil milhões de euros diziam respeito a empréstimos à habitação. "Os empréstimos das sociedades não financeiras em moratória decresceram em todos os setores de atividade, totalizando, no final de julho, 21,8 mil milhões de euros", acrescenta.
A pandemia não afetou todos os setores de atividade da mesma forma. Nesse sentido, e de acordo com os números do banco central, nos setores mais vulneráveis "existiam, em julho, 23,7 mil empresas abrangidas por moratórias. O montante de empréstimos com pagamento suspenso foi de 8,4 mil milhões de euros, diminuição de 0,1 mil milhões de euros face a junho".
Banca: "Não parece existir fundamento para uma ansiedade social"
No final de setembro, terminam as moratórias públicas lançadas para que as famílias e empresas conseguissem adiar os pagamentos dos créditos, uma vez que a pandemia do novo coronavírus afetou vários setores de atividade - e particulares - de forma abrupta e forte, como é o caso do turismo.
A cerca de um mês do fim das moratórias, e quando muitas famílias e empresas têm de começar a preparar-se para pagar as prestações, a Associação Portuguesa de Bancos (APB) em declarações à TSF, considera que, aparentemente, não há motivos para "uma ansiedade social".
"Dos números que são públicos - quer quanto aos montantes envolvidos, quer quanto ao andamento da economia e das condições sociais (v.g., desemprego) -, das medidas anunciadas pelo Governo e do que têm sido as referências públicas de responsáveis bancários, não parece existir fundamento para uma ansiedade social generalizada à volta do fim das moratórias", disse a APB à rádio.
É que, com a chegada do final de agosto, termina o prazo para que os bancos avaliem se os clientes conseguem voltar a pagar as prestações ou se é necessário renegociar novas condições de pagamento.
À TSF, a APB disse ainda que: "Os bancos, dentro do quadro legal e regulatório aplicável, têm vindo a acompanhar a situação particular de cada cliente e continuarão a seguir as boas práticas aplicáveis a este tipo de processo, a fim de promover soluções que permitam, sempre que possível, superar eventuais dificuldades no retomar do cumprimento pontual dos contratos."