A Vapesol, empresa de Felgueiras especializada na produção de solas para calçado, investiu dois milhões de euros numa nova unidade fabril destinada em exclusivo à produção de solas em EVA, uma espuma sintética que alia a sua extrema leveza (são 70% mais leves dos que as solas convencionais) ao conforto, o que tem suscitado enorme procura nos últimos anos..A nova fábrica tem ainda a particularidade de permitir reaproveitar a 100% os desperdícios de EVA, reincorporando-os na produção. "Tanto quanto sei, somos a única empresa a fazer isto em toda a Europa, através de um processo inovador, desenvolvido em parceria com várias entidades do sistema científico e tecnológico, e que está devidamente patenteado", diz Décio Pereira, CEO da Vapesol..A funcionar em pleno desde fevereiro, a nova fábrica opera seis dias por semana, em três turnos, e dá emprego a 50 pessoas, 44 das quais foram contratadas para o efeito, e permite produzir quatro mil pares de solas ao dia. No total, a Vapesol conta com cerca de 160 trabalhadores, necessários para manterem as duas unidades a laborar 24 horas por dia..Além disso, Décio Pereira investiu cerca de 1,250 milhões de euros na aquisição de equipamentos para a sua unidade principal, para a injeção de solas de borracha termoplásticas e em TPU (poliuretano termoplástico), mas em três cores, "um nicho de mercado com grande procura nos últimos anos"..Com uma capacidade produtiva total que ultrapassa, agora, as 25 mil solas ao dia, a Vapesol exporta 10% do que produz diretamente, mas as exportações indiretas - muitos dos seus clientes subcontratam a produção do calçado em Portugal - ultrapassam os 90%, com especial destaque para os países da Europa Ocidental. "Mas tenho notado uma especial procura de países do leste, como a Eslovénia, República Checa e Polónia, e dos países nórdicos", explica o empresário. EUA, Austrália, Colômbia, México e Índia são outros dos mercados importantes para a empresa que, em 2021, faturou mais de 23 milhões de euros, atingindo a sua segunda melhor marca de sempre (em 2017 vendeu mais de 24 milhões)..Nos primeiros quatro meses de 2022 está já a crescer 26%, o que dá grande alento à previsão inicial da empresa que pretende fechar o ano a ganhar entre 25 e 30%. "As perspetivas são muito animadoras", admite Décio Pereira, mas a grande incerteza no mundo das matérias-primas é algo que preocupa o gestor.."A instabilidade traz especulação e há alguns produtos que chegaram a duplicar. A maioria dos aumentos ronda os 50%. Muitas vezes temos os contratos fechados e quando vamos comprar as matérias-primas já elas subiram em flecha e isso acaba por ter de ser absorvido pelas margens das empresas", refere o empresário, lembrando que os custos energéticos "quase que triplicaram", o que obrigou a Vapesol a rever as suas tabelas. "Foi uma pequena correção, mas teve que ser feita. Mas é só para novas encomendas, não seria ético nem profissional aplicá-la aos contratos já fechados", frisa.