"Apesar de nosso maior público estar no Brasil, o mundo lusófono já está a descobrir o Veduca", disse à agência Lusa Carlos Souza, um dos criadores do sítio eletrónico. . O Veduca, a funcionar desde março de 2012, é uma plataforma na Internet que reúne e fornece gratuitamente cursos online das mais prestigiadas universidades do mundo - como Harvard, Princeton, Stanford e o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) - com legendas em português. . "No nosso ranking de visitantes por países, Portugal, por exemplo, já representa o terceiro principal país de origem de tráfego, depois dos Estados Unidos. Os países lusófonos da África também já representam parte do tráfego de usuários assíduos do Veduca", indicou Souza, que é engenheiro aeronáutico. . "Acreditamos que o impacto seja extremamente positivo (nos países lusófonos), pelas mesmas razões que acreditamos ser importante nosso trabalho no Brasil, onde a oferta de ensino superior de qualidade é restrita a uma minoria privilegiada da população", declarou. . O grande objetivo do Veduca, de acordo com Souza, "é democratizar o acesso à educação de alta qualidade". . Inúmeras universidades e fundações do mundo já oferecem cursos online gratuitos em plataformas como o Udacity (www.udacity.com), o Coursera (www.coursera.com), o EDX (www.edx.com), o MiríadaX (http://miriadax.net), entre outros, sendo que algumas iniciaram as atividades no início dos anos 2000. . Estes cursos -- conhecidos como Massive Open Online Courses (MOOCs) - são ministrados em outros idiomas, sobretudo em inglês. . No Brasil, segundo Souza, somente dois por cento da população tem conhecimentos sólidos deste idioma. . "Assim, tivemos a ideia de criar o Veduca, um portal que organiza esse conteúdo por assuntos e o traduz para a língua portuguesa", referiu o engenheiro brasileiro, sublinhando que este tipo de iniciativa foi pioneira no Brasil. . O Veduca reúne cerca de cinco mil vídeos de cursos com licença aberta na Internet, incluindo ainda aulas de instituições brasileiras, como a Universidade de São Paulo (USP). . "Outras iniciativas semelhantes (ao Veduca) têm surgido, o que é extremamente positivo, pois o desafio de melhorar a educação no Brasil é grande e há espaço e muita demanda para esse tipo de serviço", acrescentou Souza. . Outros sítios na Internet já oferecem alguns cursos com legendas em português, como o Udacity, o Classroom.tv (www.classroom.tv) e a organização TED (www.ted.com), sendo as legendas produzidas, principalmente, por voluntários. . "Nossas legendas são produzidas de duas formas: por fornecedores especializados que contratamos e por trabalho voluntário, de nossa base de usuários cadastrados no sítio", referiu o engenheiro, de 32 anos. . De acordo com Souza, "existe uma demanda reprimida gigantesca por ensino de alta qualidade" no Brasil e a expectativa do Veduca é chegar até 24 milhões de pessoas. . Desde que entrou em funcionamento, o sítio eletrónico brasileiro recebeu 1,5 milhão de visitas, contando com 32 mil usuários registados e 22 mil seguidores nas redes sociais. . Carlos Souza declarou que o público-alvo da plataforma são "os internautas de 17 a 40 anos, estudantes universitários, pós-graduandos e pessoas que buscam complementar a sua formação". . No segundo semestre de 2012, o Veduca recebeu um investimento de 1,5 milhão de reais (580 mil euros), de quatro investidores: os fundos Mountain do Brasil, um grupo de 500 startups, a Macmillan Digital Education, e o investidor Nicolas Gautier. . Para além dos quatro sócios fundadores, o Veduca já emprega mais cinco funcionários. . De acordo com Carlos Souza, uma nova versão do sítio eletrónico será lançado em breve e, como já ocorre em outras plataformas, o Veduca vai emitir certificados para as pessoas que completarem os cursos online e terá o seu acervo, gradativamente, aumentado.