Venda de automóveis através de plataformas digitais será o futuro

Consumidores recorrem cada vez mais aos marketplaces para adquirir veículos. "Parece uma coisa distante, mas isto já existe em Portugal", diz Ricardo Cardoso, da OLX, no Barómetro Automóvel.
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Se a digitalização do processo de compra já era uma tendência anterior à pandemia, com os confinamentos e as restrições à circulação, a aquisição de bens e serviços através de plataformas digitais explodiu à boleia da covid-19. "É possível comprar um carro com a facilidade com que se compra qualquer outro artigo hoje, como uma peça de roupa, um smartphone ou um livro", garante Ricardo Cardoso. O diretor de marketing da OLX Cars não tem dúvidas de que, cada vez mais, a aquisição de um automóvel pela internet será uma realidade. "Parece uma coisa distante, mas isto já existe em Portugal", garantiu o responsável no último episódio do Barómetro Automóvel, uma iniciativa TSF/Dinheiro Vivo com apoio do Standvirtual.

Aliás, estudos como o CTT e-Commerce Report 2021 refletem precisamente a maior apetência dos portugueses para as compras online. De acordo com o documento, em 2020 este mercado cresceu 46%, disparando o seu valor para cerca de 4,4 mil milhões de euros. Porém, quando o tema são os automóveis, há ainda um caminho a percorrer para que a aquisição à distância, sem nunca ver ou experimentar o carro previamente, seja uma realidade generalizada. Ainda assim, Nuno Castel-Branco, diretor-geral do Standvirtual, reconhece que "70% das vendas dos nossos clientes iniciam-se online" e que existem já profissionais do ramo a conseguir concretizar 20% a 30% dos negócios através das plataformas digitais.

"Temos de reconhecer que [o aumento das vendas online] é um efeito colateral da pandemia, mas veio acelerar em muito a venda online", realça. Durante os sucessivos confinamentos gerais, a dificuldade de circulação e os desafios no contacto pessoal levaram a que muitos consumidores optassem por pesquisar o seu futuro automóvel através da internet, conhecessem o veículo através de fotos ou videochamada e tivessem o bem entregue à sua porta após concretização do negócio. Ricardo Cardoso adianta que as pesquisas online já eram, antes da covid-19, uma realidade forte nas faixas etárias mais jovens (18 aos 45 anos), mas a verdadeira surpresa está no crescimento entre os mais velhos. "A partir dos 55 anos teve um crescimento brutal nos últimos dois anos. Não estavam habituados a fazer parte da jornada de compra online e, com a pandemia, ficaram fiéis a este estilo de compra", analisa o responsável pela plataforma dedicada ao negócio entre particulares.

Portugal é, ainda, um mercado verde para as aquisições digitais. No entanto, o mesmo não acontece em países como os Estados Unidos. "Os EUA são, nesse aspeto, um mercado muito avançado", considera Ricardo Cardoso. O líder da OLX Cars aponta que em 2018, um em cada cem carros era vendido online, enquanto hoje um em cada dez automóveis é adquirido desta forma.

À semelhança de outras compras através de plataformas digitais, a segurança da aquisição depende de vários fatores. Entre eles, a credibilidade do marketplace que escolhe, mas também as precauções que toma na altura de concretizar o negócio. Para Ricardo Cardoso, existem vantagens nesta opção. "Surge sempre a ideia sobre se o carro está em condições. Se comprarmos à distância e o carro nos vier parar a casa, temos um intervalo de alguns dias, cerca de dez, e o comprador pode experimentá-lo na sua rotina diária", afirma.

É importante, contudo, estar atento a sinais de alerta. Nuno Castel-Branco e Ricardo Cardoso sugerem atentar a elementos suspeitos, como um automóvel à venda com a matrícula tapada, o valor de venda muito abaixo do preço médio, o tipo de fotografias publicadas ou até a comunicação com o vendedor. "Normalmente, um vendedor com más intenções tem pressa em fazer o negócio. Se se sentirem demasiado pressionados, podem questionar-se", alerta o diretor de marketing da OLX Cars.

Por outro lado, o comprador deve sempre optar por sujeitar o veículo a um check-up numa oficina da sua escolha. Em ambas as plataformas existem mecanismos automáticos de deteção de fraude e equipas de monitorização que intervêm sempre que surge um alerta, de forma a reduzir o risco. Elementos como a avaliação do vendedor, no caso do OLX, ou do tempo.

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