De acordo com o relatório semanal sobre a evolução dos mercados monetário e cambial, divulgado hoje pelo BNA, citado pela agência Lusa, o banco central angolano realizou vendas em leilões, entre 02 e 06 de fevereiro, no montante total de 160 milhões de dólares (141 milhões de euros).
Estas vendas, que contrastam com os 314 milhões de dólares (277 milhões de euros) injetadas pelo BNA apenas uma semana antes foram concretizadas a uma taxa média de referência do mercado cambial interbancário de 105,003 kwanzas (89 cêntimos de euro) por cada dólar. A taxa de câmbio oficial não para de subir desde novembro, altura em que um dólar valia menos de 100 kwanzas.
Em causa está a diminuição de receitas de venda do barril de crude por Angola, o que fez diminuir a entrada de divisas no país, provocando a escassez de dólares no mercado e dificultando o pagamento das empresas a fornecedores internacionais. Devido às restrições impostas pelos bancos comerciais no levantamento de divisas aos balcões, face à escassez da moeda norte-americana, as taxas praticadas no mercado informal têm vindo a disparar, com a compra de cada dólar a atingir os 140 kwanzas nas ruas de Luanda.
O governador do BNA afirmou na sexta-feira que "antecipações erradas" da crise do petróleo por agentes económicos estão na origem das dificuldades no acesso a divisas, porque as vendas mensais fixam-se, em média, nos 1.500 milhões de dólares. José Pedro de Morais Júnior disse que não existem motivos para as dificuldades relatadas no acesso generalizado a dólares nos bancos comerciais.
"Não houve nenhuma redução da oferta de divisas no mercado cambial, vendidas pelo BNA aos bancos comerciais", garantiu o governador, revelando que em 2014 essas vendas - que são feitas através de leilões semanais -, até aumentaram 34% face ao ano anterior.
Cifraram-se, em termos médios, em 1.500 milhões de dólares mensais, disse. "Foi exatamente este valor que nós vendemos durante o mês de janeiro, 1.500 milhões de dólares ao mercado bancário. Significa isto dizer que não há nenhuma redução de oferta de divisas no nosso mercado", sustentou.
José Pedro de Morais Júnior deu a entender que o problema está nas medidas de proteção adotadas pelos bancos, face aos efeitos da crise do petróleo, nomeadamente com a intenção de constituírem reservas para prevenir eventuais dificuldades.
"Este congestionamento explica-se porque alguns agentes económicos fizeram antecipações erradas, desenvolveram expectativas negativas em relação ao nosso país, devido à queda do preço do petróleo, e resolveram eliminar o risco que tinham, de créditos, sobre entidades angolanas. E vai daí, introduziram todos os processos de pagamentos sobre entidades angolanas", apontou.