As vendas de vinho no mercado nacional cresceram 14,3% em volume e 52,8% em valor, no primeiro semestre, para um total de 130 milhões de litros, no valor de 503 milhões de euros. Números que "disfarçam" a quebra na grande distribuição, mas também o enorme boom na restauração, fruto da retoma do turismo.
Assim, e de acordo com os dados da Nielsen, ontem divulgados pelo Instituto da Vinha e do Vinho (IVV), entre janeiro e junho, as vendas de vinho na grande distribuição caíram 9,8% em volume e 4,8% em valor, para um total de 92 milhões de litros (10 milhões a menos do que no período homólogo) e 240,2 milhões de euros (menos 12 milhões que em 2021).
Em contrapartida, as vendas na restauração disparam, com aumentos de 221,8% em volume e de 241,8% em valor. No total, durante o primeiro semestre, foram consumidos 38 milhões de litros, no valor de 263 milhões de euros. O facto de, no primeiro trimestre do ano passado, a restauração ter estado encerrada por causa da covid-19 ajuda a explicar grande parte do crescimento, a par do acréscimo substancial na procura turística.
Preço médio em alta
Ainda de acordo com a Nielsen, o preço médio por litro vendido na grande distribuição é de 2,61 euros e de 6,91 euros na restauração. Em termos de regiões, o vinho do Alentejo é o grande favorito, assegurando uma quota total do mercado de 23%. Seguem-se os vinhos do Douro e os Verdes, com quotas de 13,6% e de 9,1%, respetivamente.
Para o presidente do IVV, estes são dados "muito positivos", sobretudo atendendo a que as restrições de combate à covid ainda não desapareceram totalmente. Razão porque, diz Bernardo Gouvêa, "é tão positivo que as vendas de vinho, no mercado nacional, estejam já 3,5% acima, em valor, do período pré-pandemia, embora, em volume estejam ainda 2% abaixo". O crescimento "extraordinário" da restauração é uma "excelente notícia", designadamente pelas oportunidades que gera para os segmentos premium e ultra-premium.
Em consequência do crescimento das vendas na restauração, mas também por efeito da inflação, o preço médio dos vinhos está já 4% acima do período pré-covid, passando de 3,71 euros, em 2019, para 3,87 euros, este ano. Um valor que, admite Bernardo Gouvêa, "não reflete o que é a pressão inflacionista, sobretudo ao nível dos componentes de embalagem e da logística, mas que é um bom indicador".
Quanto às perspetivas para 2022, o presidente do IVV reconhece que o segundo semestre vai ser "muito complicado". "Há muitos produtores numa situação complicada, a tentar gerir o efeito inflacionista e as restrições ao nível logístico. Sobretudo os produtores de menor dimensão", sublinha.
Produção em queda
Já as previsões de colheita prometem uma vindima curta, praticamente em todo o país, na medida em que, das 14 regiões vitivinícolas nacionais, só quatro prevêem aumentar a produção este ano. No total, e de acordo com os dados do IVV, é esperada uma produção total de 6,7 milhões de hectolitros, menos 9% do que no ano passado. No entanto, lembra o IVV que esta produção representam um crescimento de 2% comparativamente à média das últimas cinco vindimas.
Em termos de regiões, o Douro e Lisboa são as que têm maiores quebras percentuais estimadas, na ordem dos 20%. A Beira Atlântico estima manter a mesma produção de 2021, enquanto o Algarve e o Tejo estão a contar com crescimentos na ordem dos 5%. Terras de Cister e a região dos Vinhos Verdes esperam, por seu turno, ter mais vinho na próxima vindima, com um aumento estimado de 10%.