Temos hoje um problema de falta de mão-de-obra. Seja de trabalhadores qualificados ou em funções mais modestas. E não apenas no turismo, na restauração ou na construção civil, mas é transversal a todos os setores.
Os empresários estão a ficar desesperados com esta dificuldade porque, além de atrasar investimentos e os obrigar a recusar encomendas, está a sobrecarregar as equipas que têm. Mas há muito que a situação é previsível. Temos uma população envelhecida, baixas taxas de natalidade e alta emigração. Ora, num momento de expansão da economia seria mais do que óbvio o que está a ver-se.
Verdade que é preciso melhores salários, mas não é menos verdade que é necessário primeiro criar a riqueza para os conseguir pagar, rever as políticas relacionadas com o incentivo ao emprego e de apoio ao desemprego, muitas delas desenhadas para um período de grande crise e tensão social. É um nó difícil de desatar, ainda mais quando as empresas fazem um esforço para aumentar o salário e esse aumento vai quase, se não todo, para o Estado em vez de ir para o bolso do trabalhador, havendo subida de escalão de IRS. Ou seja, temos uma carga fiscal que penaliza os trabalhadores e o que as empresas pagam por eles. Tudo isto torna vital que haja políticas de incentivo ao regresso dos portugueses e de captação de imigrantes. São positivos programas com o RNH e o Regressar, mas é preciso mais.
É por isso, uma boa notícia a pretensão do governo de criar uma nova tipologia de visto, concretamente para a procura de trabalho, possibilitando a entrada no país a estrangeiros que venham à procura de trabalho. Está ainda previsto o visto de estada temporária ou residência para nómadas digitais.
Além de agilizar e desburocratizar um moroso e complexo processo, têm a vantagem de combater situações de trabalho precário e clandestino. Seja bem vindo quem vier por bem!
Advogado