Foram apreendidos mais de 75 mil euros em numerário no gabinete de Vítor Escária, um dos detidos na operação "Influencer", que levou à demissão do primeiro-ministro, António Costa.
O chefe do gabinete do primeiro-ministro tinha na sua sala na residência oficial do chefe do Governo 75.800 euros em numerário, dinheiro que foi encontrado pelos agentes da PSP e pelos procuradores do Ministério Público durante as buscas efetuadas na terça-feira, segundo apurou a SIC.
O dinheiro "estava dividido em diversos envelopes e escondido em livros, em diversas prateleiras, e dentro de caixas de vinho", acrescenta o jornal Público.
Confrontado com esta informação, já esta quinta-feira, Tiago Rodrigues Bastos, advogado do chefe do gabinete do primeiro-ministro, começou por dizer que "todas as explicações sobre os factos serão prestadas ao senhor juiz de instrução".
Referindo-se aos mais de 75 mil euros encontrados no gabinete de Vítor Escária, o advogado disse que "é importante que não se desvie a conversa, não se desvie o objeto dos autos para um facto absolutamente lateral, que não tem rigorosamente nada que ver com a imputação, como ela está desenhada e concebida".
E esclareceu: "Esse facto não tem nenhuma relação com o que estamos aqui a tratar e nem tem nada a ver com algo ilegal"
Já ontem, Tiago Rodrigues Bastos afirmou não ter ficado surpreendido com o que leu nos autos, por não ser nada de novo face ao que já se conhecia, e disse também entender que não se justifica que seja decretada qualquer medida privativa da liberdade do seu cliente, assim como não se justificaria que tivesse sido detido.
Ainda no âmbito da operação "Influencer", que investiga os negócios do lítio e do hidrogénios, o primeiro-ministro, António Costa, está ligado aos factos sob investigação em mais de 20 escutas telefónicas, de acordo com o jornal Observador, sendo que a mais antiga é de novembro de 2020.
As escutas em que o primeiro-ministro intervém foram validadas por António Piçarra e Henrique Araújo, anterior e atual presidentes do Supremo Tribunal de Justiça.
António Costa, recorde-se, é alvo de investigação autónoma do Supremo Tribunal de Justiça sobre os projetos de lítio e hidrogénio.
Esta decisão surge na sequência de uma operação sobre negócios do lítio e do hidrogénio verde, coordenada pelo DCIAP e que contou o apoio da Polícia de Segurança Pública (PSP) e Autoridade Tributária (AT).
No âmbito desta operação foram detidos o chefe de gabinete do primeiro-ministro, Vítor Escária, o advogado Lacerda Machado, o presidente da Câmara de Sines, Nuno Mascarenhas e os dois administradores da sociedade Start Campus, Afonso Salema e Rui Oliveira Neves.
O MP constituiu ainda como arguidos o ministro João Galamba e o presidente do Conselho Diretivo da APA, Nuno Lacasta.
Em causa, segundo a Procuradoria-Geral da Republica (PGR) estão crimes de prevaricação, de corrupção ativa e passiva de titular de cargo político e de tráfico de influência.