WeNou. Análise de ADN é “ferramenta poderosa” para prevenir fraude alimentar

Startup especializada em metodologias de análise de ADN utiliza tecnologia para avaliar qualidade, segurança e autenticidade de alimentos. Portugal e França são os maiores mercados, mas os EUA estão no horizonte
Laboratório da WeNou, onde a empresa faz as análises. FOTO: Direitos reservados
Laboratório da WeNou, onde a empresa faz as análises. FOTO: Direitos reservadosLaboratório da WeNou, onde a empresa faz as análises. FOTO: Direitos reservados
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A União Europeia, ao longo dos anos, legislou e criou uma série de normas dirigidas à indústria alimentar com o objetivo de garantir a qualidade e segurança dos produtos e, consequentemente, proteger a saúde pública. Para assumir também esta missão e dar resposta às crescentes preocupações da cadeia alimentar, nasceu a WeNou, em Lisboa. 

A autenticidade, segurança e qualidade dos alimentos é cada vez mais uma preocupação da indústria, mas também dos consumidores, que “exigem informações mais precisas sobre os produtos que utilizam”, explica Sandra Chaves, CEO. Embora não lide diretamente com o consumidor final, a startup portuguesa, a pedido dos seus clientes, que vão de produtores a retalhistas, utiliza Sequenciação de Nova Geração (NGS, na sigla em inglês), para analisar alimentos destinados a consumo humano ou animal. 

Apesar de a tecnologia ser já há muito utilizada na área clínica, sublinha, a sua aplicação à área alimentar vem colmatar uma “forte necessidade do mercado por soluções analíticas eficazes” e permite identificar vários alvos diferentes em simultâneo. A aplicação do NGS permite distinguir e identificar de forma fiável o conteúdo presente numa amostra, tornando a análise de ADN aplicada aos alimentos uma “ferramenta poderosa para prevenir a fraude alimentar”. 

Por exemplo, é possível determinar se um queijo é de vaca ou ovelha e confrontar os resultados da análise com o que está descrito no rótulo, apontou a também responsável de Investigação e Desenvolvimento da empresa. Não só é uma forma de preservar a saúde pública, como também de mitigar os custos com este tipo de fraude que, de acordo com a Comissão Europeia, lesa a indústria alimentar global em cerca de 30 mil milhões de euros por ano. 
Considerando as regras apertadas da União Europeia relativamente à segurança alimentar, são vários os alimentos que precisam de certificações para poderem avançar para a comercialização. É para analisar o conteúdo e confirmar a autenticidade dos produtos alimentares que existe a WeNou, a quem os vários intervenientes da cadeia alimentar podem recorrer para fazer a “certificação exigida para que possam utilizar ou vender essas matérias-primas”.

Expansão geográfica

Fundada em 2019 e com arranque de atividade no ano seguinte, a WeNou rapidamente obteve certificação sobre o seu próprio trabalho. Um dos grandes objetivos era ter o selo de qualidade do Instituto Português de Acreditação (IPAC), através da norma ISO:17025. Trata-se do “reconhecimento de competência técnica e conseguimos logo em 2020”, afirma a responsável. 

Depois de um começo em grande, a expansão para lá das fronteiras nacionais foi um passo natural. No conjunto de todos os mercados onde atua, os países estrangeiros dominam, mas individualmente, Portugal e França são os mercados mais expressivos. Para já, a Europa continua a ser o principal domínio - também com clientes em Itália, Holanda, Bélgica, Grécia, Alemanha, Espanha, entre outros -, mas atravessar os limites do Velho Continente é uma meta a concretizar.

“Estamos a trabalhar num novo modelo de negócio que nos poderá permitir chegar a países não europeus”, contou a CEO, apontando os Estados Unidos como a mais provável primeira paragem. Contudo, o apelo dos mercados asiáticos não passa ao lado do radar da startup, sobretudo porque estes começam a demonstrar “muita preocupação” com as problemáticas da autenticidade alimentar. O objetivo seria poder expandir para ambos os mercados, mas nada está, para já, garantido, sublinhou. Explorar diferentes segmentos é também uma possibilidade, nomeadamente a área cosmética, onde a identificação da matéria-prima utilizada nos produtos é relevante para certificar e garantir a segurança na utilização. 

Na ótica da responsável, o futuro da empresa deverá passar pela presença em vários mercados e pela “aposta forte” no modelo de venda de produto, mas sempre com a certeza de que a WeNou vai “continuar a inovar e a dar resposta aos desafios de quem a procura”. 

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