Work From Anywhere: O modelo tendência do futuro com vantagens para empresas e colaboradores

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Se até 2020 era quase impensável imaginar esta modalidade como algo comum, a covid-19 veio mostrar que tudo é passível de ser mudado. Obrigou organizações e pessoas a mudarem o seu modelo de trabalho. Trabalhar a partir de casa é agora uma realidade, e uma necessidade, que nos fez perceber que muitas funções não precisam de um escritório, mas sim do equipamento correto e de uma boa ligação à internet e conforto.

A premissa do WFA vai mais além e defende que se o trabalho pode ser feito a partir de qualquer lugar: bibliotecas, escritórios de coworking, cafés, hotéis, entre outros. Atualmente, as empresas acabam por oferecer a cultura de flexibilidade com que os colaboradores tanto sonharam - está claro que não procuram mesas de pingue-pongue, mas sim um melhor equilibro entre a vida pessoal e profissional.

Em Portugal já existia alguma flexibilidade. Algumas empresas já permitiam a possibilidade de trabalhar a partir de casa e, para colmatar os valores tão elevados de aluguer dos espaços, algumas tinham até adotado a rotatividade das idas ao escritório. Em países como os Estados Unidos já existiam várias empresas com a modalidade WFA mesmo antes da pandemia. Quer a 100%, quer em modelo misto onde o colaborador deve ou pode escolher ir aos escritórios um determinado número de dias por mês ou ano.

Segundo um inquérito da Internacional Workplace Group, um quarto das empresas a nível mundial tinha políticas claras de trabalho remoto, e os espaços de trabalho mais flexíveis cresciam cerca de dois dígitos por ano. O mesmo estudo descobriu que as empresas que reconhecem a importância de oferecer flexibilidade têm obtido resultados muito positivos. Será o futuro um modelo flexível? Vamos analisar as vantagens:

No caso das empresas, podemos falar na poupança de muitos dos custos associados a um escritório tradicional - ao invés de um escritório para a totalidade dos funcionários, basta um menor capaz de acomodar os serviços essenciais e as idas esporádicas ao escritório; na possibilidade de trabalhar com os melhores profissionais, independentemente de onde moram; na diminuição do número de faltas por doença, segundo reportam várias empresas, e no aumento da satisfação e da capacidade de retenção de talento.

Para as pessoas, podemos falar num maior poder de decisão sobre a sua rotina de trabalho, uma vez que o horário flexível permite uma melhor gestão do tempo entre a vida pessoal e profissional; na redução do tempo de deslocação quer seja de carro ou transportes públicos; na liberdade e flexibilidade geográfica e na possibilidade de trabalhar para uma grande empresa com um rendimento mais competitivo e morar numa zona com um custo de vida mais baixo.

Todos estes aspetos têm um grande impacto ao nível de redução do stress e consequente aumento da produtividade, o que se traduz em mais uma vantagem para as empresas. Simultaneamente, também a sociedade e o ambiente beneficiam da redução da mobilidade excessiva.

Mas será esta uma aposta ganha? Por um lado, os millenials parecem particularmente fascinados com a ideia de ser nómada digital e de todos os meses poder trabalhar de um lugar diferente no mundo. Por outro, uma grande parte das empresas já percebeu que não precisa de ter as pessoas no mesmo escritório para obter resultados.

Neste momento não existe uma previsão de quando as empresas poderão chamar todos os seus colaboradores de volta, é imperativo que arranjaremos soluções para hoje. Estas passam por ser flexível e estar disposto a aceitar as mudanças do tempo deixa assim de ser um fator diferencial e passa a ser quase uma soft-skill.

A flexibilidade veio para ficar e as empresas devem equacionar este modelo como uma oportunidade que traz vantagens a todos os envolvidos e que abre possibilidades infinitas para o futuro. Mas será o Zoom, Teams ou Hangouts o suficiente para prevenir um futuro isolamento profissional? Será possível manter uma comunicação fluida trabalhando em diferentes fusos horários? A questão agora é saber como evitar que se perca a noção do tempo e se trabalhe demasiadas horas? Ou como poderá a empresa avaliar e/ou recompensar os seus colaboradores com quem nunca esteve fisicamente?

João Costa, Country Manager da Expense Reduction Analysts

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