XTB: "É cedo para falar de prova superada. Emissão a 18 meses será o verdadeiro teste"

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Portugal regressou hoje, com sucesso, ao mercado de dívida. Além de ter conseguido colocar o montante máximo previsto, de 2 mil milhões de euros, a procura foi bastante elevada e os juros afundaram ao situarem-se abaixo dos 4%. Em entrevista ao Dinheiro Vivo, o account manager da XTB, Salvador Nobre Veiga, considera ser cedo para falar de prova superada e que uma emissão com prazo a 18 meses será o verdadeiro teste aos mercados de dívida.

Que análise faz ao leilão de hoje? Montante máximo alcançado, forte procura e juros a afundarem. São boas notícias?

Não se poderá dizer efectivamente que são boas notícias, mas também não são más, visto que se pagou menos que no leilão anterior. Pagar 3% em maturidades tão curtas nunca é bom. O leilão de hoje acaba por ser mais um, durante o período vigente em que Portugal se encontra sob o financiamento externo da troika. Ou seja, todos estes leilões no fundo acabam por ter risco da troika. Veja-se que a Grécia, já declarada em default há cerca de uma semana, conseguia financiar-se no muito curto prazo quase até entrar em default.

Quais os motivos que explicam esta prova superada de Portugal?

É cedo para falar de prova superada, olhando apenas para os resultados do leilão deste mês. Como dito anteriormente, o prémio de risco não estará totalmente incorporado à dívida portuguesa no mercado primário de curto prazo, até ao segundo semestre de 2013.

O país tem agora a oportunidade para emitir dívida a 18 meses e acha que vai avançar com esse prazo? Ou ainda é cedo para essa maturidade? Porquê?

Dependendo de quando for o lançamento dessa linha de obrigações, será essa emissão de facto importante, dado que a sua maturidade em princípio seria a primeira a ter uma maturidade para além da data do financiamento da troika a Portugal. Este sim, seria um verdadeiro teste aos mercados, e não os que actualmente ocorrem, dado que com uma maturidade para além da data de financiamento da troika, daria verdadeiramente para verificar a percepção de risco que os investidores têm de Portugal no mercado primário.

O Governo tem reiterado a intenção de regressar aos mercados de longo prazo no segundo semestre de 2013, sem pedir mais financiamentos. Portugal vai conseguir cumprir esse objectivo?

Sinceramente, não me parece que seja um objectivo que venha a ser cumprido. Até é provável, independentemente do que tem sido reiterado pelas entidades oficiais, que Portugal venha a receber um novo pacote de ajuda em finais de 2012 sensivelmente.

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