Yoro em Old Trafford é a prova do aumento do preço dos defesas

Estatísticos já previam há dez anos que os clubes iriam valorizar, cada vez mais, quem impede golos. Central francês, maior transferência do verão até agora, é exemplo
Leny Yoro, defesa francês de 18 anos que sai do Lille para jogar no Manchester United. FOTO: Sebastien SALOM-GOMIS/AFP
Leny Yoro, defesa francês de 18 anos que sai do Lille para jogar no Manchester United. FOTO: Sebastien SALOM-GOMIS/AFPLeny Yoro, defesa francês de 18 anos que sai do Lille para jogar no Manchester United. FOTO: Sebastien SALOM-GOMIS/AFP
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Dias antes de atletas de quase todos os desportos de quase todos os países do mundo começarem nos Jogos Olímpicos a “corrida ao ouro”, dois dos clubes mais ricos do planeta, Real Madrid e Manchester United, protagonizaram uma “corrida a Yoro”, o defesa francês de 18 anos, ex-Lille, que vale ouro, segundo os olheiros dos dois clubes. Os Reds, ao pagarem 62 milhões de euros, e eventualmente mais oito em objetivos desportivos, ganharam o duelo aos blancos na, até agora, maior transferência, já assinada, do verão.

Leni Yoro, internacional francês em todas as categorias, dos sub-17 aos sub-23, mas ainda sem experiência na seleção principal, tornou-se o oitavo defesa mais caro da história, numa lista que inclui o português Ruben Dias na quinta posição, transferido do Benfica para o Manchester City por 71,6 milhões de euros, em 2020/21. Como as quatro negociações mais caras do que Dias ocorreram um ano ou dois antes ou um ano ou dois depois - a maior de todas foi a de Josko Gvardiol, do RB Leipzig para os mesmos cityzens, ao preço de 90 milhões, em 2023 -, é caso para dizer que os defesas estão a ficar mais caros a cada ano.

Em Manchester, sobretudo: no United, o jovem Yoro deve fazer dupla titular com Lisandro Martínez, o décimo central mais caro da história e deixar no banco Harry Maguire, o segundo da lista, atrás apenas do citado Gvardiol.
E o croata divide ou dividiu o centro da defesa do City com o citado Dias, com John Stones, 11.º da lista, e, antes, com o espanhol Aymeric Laporte, sétimo da lista, hoje já no Al-Nassr. Sem contar com Laporte e outros, o treinador Pep Guardiola investiu quase 250 milhões de euros apenas nos cinco centrais do plantel do City em 2024/25.

No top ten dos defesas centrais constam ainda Van Dijk (do Southampton para o Liverpool, por 84,7 milhões de euros), Fofana (Leicester-Chelsea, por 80,4) e Matthijs de Ligt duas vezes: o holandês trocou o Ajax pela Juventus por 85,5 milhões e a Juve pelo Bayern por 67, o que o torna o defesa mais caro da história, 152,5 milhões, em transferências acumuladas. E, curiosamente, esteve na lista do United antes de o clube optar por Yoro.

Há dez anos, o livro The Numbers Game, de Chris Anderson e David Sally, já previa que “o abismo entre os salários e os valores das transferências entre atacantes e centrais (e guarda-redes) iria cair de forma significativa”. E, de facto, apesar das loucuras na contratação de Neymar e de Kylian Mbappé pelo Paris Saint-Germain, respetivamente, por 222 e por 180 milhões (ou de Phillippe Coutinho, 145 milhões, pelo Barça, e João Félix, 126, pelo Atlético Madrid, essas sim, verdadeiras insanidades à luz do que se sabe hoje), os centrais, como se viu agora na corrida a Yoro, vão encurtando a distância.

Na obra Pay As You Play: The True Price os Success in the Premier League, Paul Tomkins, Graeme Riley e Gary Fulcher concluíram que a posição mais barata na elite do futebol inglês, entre 1992/93 e 2009/10, era a de guarda-redes, seguida da de defesa, da de médio e da de atacante - por cada libra gasta com um jogador defensivo, gastava-se 1,65 com um ofensivo. Estima-se que esse valor tenha sido reduzido para 1,5 nas transferências das principais ligas nas últimas épocas. Com a palavra - ou a bola - Yoro e demais defesas da nova geração.

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