Zome prepara ofensiva em Espanha com abertura de 20 hubs em 2023

Marca imobiliária vai continuar a reforçar a presença em Portugal, onde quer explorar 78 agências. Estratégia de crescimento prevê entrada noutros países europeus, sem descurar as possibilidades do mundo virtual.
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A Zome, marca imobiliária 100% portuguesa, quer abrir este ano 20 hubs em Espanha, projeto que marca o arranque do processo de internacionalização da rede criada em 2019 por um grupo de ex-consultores da Keller Williams (KW). Segundo Patrícia Santos, CEO da Zome, a ambição é expandir para outros países da Europa, como França e o Reino Unido e, eventualmente, para os PALOP (Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa). Neste momento, "a prioridade é Espanha". No mercado vizinho, onde desde a primeira hora conta com um franchisado (antigo KW), a Zome está "a criar as condições de expansão", com a atenção focada para já na região de Madrid. Há "bons contactos" e "estão a efetuar-se reuniões", adianta a gestora. Já nos países de língua oficial portuguesa, há agências que se identificam com o modelo da marca portuguesa, mas o processo está ainda em análise. "É preciso consolidar os franchisados, ganhar maturidade", diz.

A internacionalização para Espanha vai ser acompanhada pelo reforço da presença da mediadora em Portugal. Este ano, a Zome quer abrir mais 18 hubs no país, que se juntarão aos atuais 42 em operação, aproximando-se assim a passos largos das 78 unidades projetadas para cobrir todo o território nacional.
Já no primeiro trimestre de 2023, a marca fechou contratos de franchising em Guimarães, Lumiar (Lisboa), Viana do Castelo e Aveiro. O crescimento da rede irá impulsionar o negócio, que apesar do contexto atual de subida das taxas de juro e do custo de vida continua a apresentar-se vigoroso.

Como revela Patrícia Santos, nos primeiros três meses deste ano, a rede Zome registou um crescimento do volume de negócios de 23,8%, para 218 milhões de euros face a um ano antes, naturalmente impulsionado pela subida do preço das casas. O número de imóveis foi praticamente igual, na casa dos 1500, mas a cadeia verificou um aumento significativo (+39%) nas transações acima dos 500 mil euros. "O nosso posicionamento no mercado está a evoluir", justifica a responsável, adiantando que os clientes nacionais continuam a ser a maioria. Os compradores estrangeiros valeram pouco mais de 5% dos negócios efetuados entre janeiro e março. Estes números consolidam a performance de 2022, exercício onde a Zome garantiu um volume de negócios superior a mil milhões de euros, mais 35,5% face ao ano anterior, com a mediação de cerca de 5700 imóveis.

Aposta na tecnologia

Prestes a fazer um ano desde que celebrou a primeira escritura de permuta de um imóvel por criptomoedas, a Zome não tem dúvidas que esta ação inédita em Portugal colocou a empresa "no radar mundial". Este é ainda "um mercado muito novo, mas o balanço é muito positivo enquanto posicionamento da marca", sublinha Patrícia Santos. Pouco depois do elevado burburinho mediático que gerou essa transação, as criptomoedas iniciaram uma trajetória de desvalorização, o que limitou novas operações. "Neste momento, não é muito vantajoso e os clientes acabam por fazer o negócio pela via tradicional", mas uma das vantagens que a imobiliária oferece é a possibilidade de anunciar a casa em euros e em moeda digital, no portal Cryptohouses by Zome. E essa possibilidade levou muitos proprietários a entregar a mediação à Zome. Segundo a responsável, atualmente, "há seis negócios a aguardar escritura" em moeda virtual. "Os clientes estão à espera do momento da valorização da bitcoin para decidir", adianta.

Mantendo a aposta na inovação e tecnologia, a marca portuguesa lançou-se também no metaverso. A Zome estreou a nova realidade no hub de Braga, onde dispõe de uma "experience zone" para o cliente realizar visitas virtuais a todos os imóveis que deseje. O projeto-piloto está na Cidade dos Arcebispos, mas o objetivo é disseminar a oferta pelos outros espaços da marca no país e, mais tarde, fornecer o acesso à tecnologia na casa dos clientes, desde que tenham os imprescindíveis óculos. A última fase da construção deste hub virtual é abrir a porta a vários clientes/avatares. Em princípio, tudo estará operacional no final do ano, início do próximo.

Regulamentação faz falta e tarda

A expansão da Zome tem sido acompanhada por um aumento do número de consultores, que ascende a quase 1800. Com o mercado ao rubro, a canibalização de recursos humanos tornou-se uma realidade. "Como noutros setores, as pessoas vão trocando de emprego, mas nós não andamos a abordar ou roubar recursos", sublinha Patrícia Santos. Na Zome, a estratégia "é mostrar a nossa proposta de valor e como evoluir na carreira". Por isso, a marca designa os seus espaços de hub, porque oferece apoio administrativo, jurídico, formação e ajuda os agentes a desenvolver a própria equipa.

A área da mediação imobiliária "cresceu muito nos últimos anos e ficou exposta a pessoas que procuram uma forma de ganhar dinheiro, que só vêm atrás da transação, e isso acaba por descredibilizar a atividade", frisa. Como aponta, "há quem não tenha formação nenhuma" e vai mediar "o maior investimento que a maioria das pessoas faz na vida, a compra de casa". Ter uma licença de mediação imobiliária "é de uma facilidade assustadora, tão simples como ir ao site do IMPIC solicitar a emissão, não ter registo criminal, pagar o valor da licença, que é de 150 euros, e ter seguro de responsabilidade civil".

É neste contexto que Patrícia Santos aguarda a regulamentação do setor, anunciada há mais de ano e meio. Agora que o governo apresentou o programa Mais Habitação, este é o momento de "olhar para o papel do mediador e para a necessidade de profissionalizar a atividade", salienta. "Tem de haver critérios de entrada, de manutenção e consequências de erros grosseiros. Os maus profissionais têm de sair. Hoje saltam de imobiliária em imobiliária", afirma.

E como não faltam nem mediadores nem agências imobiliárias no país, a consolidação do setor e uma maior credibilização terá de "vir pela regulamentação".

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