Um total de 1.470 funcionários da fabricante aeronáutica brasileira Embraer aderiram ao programa de rescisões voluntárias da empresa no Brasil, informou hoje a companhia, que tem unidades fabris em Portugal.
Em comunicado, a empresa informou que encerrou, na quarta-feira, "o período de inscrições ao seu Programa de Demissões Voluntárias (PDV)" e que "os inscritos serão informados sobre a aceitação da adesão até ao dia 23 de setembro".
Os empregados que tiverem a adesão ao PDV confirmada deixarão de estar ligados à empresa na primeira semana de outubro.
O programa foi anunciado a 08 de agosto "como parte de uma série de medidas de redução de custos que vem sendo adotada pela empresa, visando superar o cenário desafiador enfrentado hoje pela indústria aeroespacial e garantir a perenidade da empresa", recordou a companhia.
Na altura, a assessoria do terceiro maior fabricante de aviões comerciais do mundo disse à agência Lusa que o objectivo era reduzir, com várias medidas, as suas despesas anuais em cerca de 200 milhões de dólares (177,8 milhões de euros).
Na ocasião, a empresa referiu que também estava a estudar formas de otimização de custos nas sucursais em todo o mundo.
No comunicado, lê-se que "a Embraer acredita que o PDV dá oportunidade de decisão para os empregados e, desta forma, traz o menor impacto possível, por trazer um pacote de incentivos para aqueles que julgarem o momento propício para novos desafios profissionais ou pessoais".
Em nota, o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região informou que do total de funcionários envolvidos "entre 600 e 700 são metalúrgicos de São José dos Campos" e manifestou a sua oposição ao plano.
"Os trabalhadores defendem que a empresa pare com o processo de transferência de parte da produção para o exterior e que os acionistas arquem com a possível multa de 200 milhões de dólares referente ao caso de corrupção investigado pelo Ministério Público Federal do Rio de Janeiro", segundo o comunicado.
O sindicato comunicou ainda que deu início a uma campanha em defesa do emprego, pedindo às autoridades medidas que barrem o processo, e que os trabalhadores decidiram em assembleia um plano de lutas contra as demissões.
"Reafirmamos a reivindicação da categoria, por redução da jornada para 40 horas semanais e estabilidade no emprego", escreveram os autores da nota.
A 29 de julho, a empresa deu conta que teve um prejuízo líquido de 337,3 milhões de reais (90,6 milhões de euros) no segundo trimestre, contrariando o resultado positivo do mesmo período do ano passado.
A Embraer conta com mais de 19.000 funcionários em todo o mundo, 17.000 dos quais no Brasil.