
Para muitos, a mudança nunca será algo fácil. No entanto, esta é a única verdadeira forma que todos temos para avançar. E este é o momento certo para evoluir.
As indústrias e o mundo em geral estão a passar poralterações substanciais nos últimos tempos. A inovação em inteligência artificial, mudanças massivas no setor do emprego e o caminho em direção à sustentabilidade têm impactado a gestão e a expansão das nossas empresas. E não estamos a falar apenas das grandes. Até mesmo organizações de menor dimensão estão a mudar a sua posição face ao conceito “business as usual”, dado que continuar na mesma pode mesmo vir a ameaçar a sua existência.
Não é apenas retórica. A resistência à mudança pode ser devastadora tanto para empresas como para indivíduos. Esta situaçãofoi ilustrada eficazmente num artigo publicado pela revista FastCompany há 20 anos, intitulado "Changeor Die” (Mude ou Morra), que relatou o discurso proferido durante uma conferência da IBM em 2004 por Edward Miller, CEO e Reitor de Medicina da Universidade Johns Hopkins na altura.
O responsável chocou a audiência ao partilhar o número de pacientes cardíacos que exibem uma resistência destrutiva à mudança, referindo que, em quase dois milhões de cirurgias cardíacas realizadas por ano nos EUA, raramente se prolongava substancialmente a vida dos pacientes. Em poucos anos ou até meses, os problemas voltavam a surgir. É que apesar de tratarem de cirurgias traumatizantes e caras, e de alto risco, os pacientes cardíacos, no pós-operatório, recusavam-se a modificar os seus hábitos pouco saudáveis.
Embora a visão seja chocante, não surpreende. Mesmo nas circunstâncias mais críticas, a mudança pode ser muito difícil.Então, qual é a diferença entre aqueles que são capazes de implementar mudanças saudáveis e positivas nas suas vidas e negócios e aqueles que não conseguem? A resposta pode surpreender.
O verdadeiro catalisador para a mudança
Muitos temem a mudança. E tendem a lutar com unhas e dentes contra ela. De acordo com o autor e professor da Harvard Business School, John P. Kotter, essa resistência deve-se a um de quatro fatores: o medo de perder algo de valor;uma incompreensão da mudança e das suas implicações; a crença de que a mudança não faz sentido; ou simplesmente uma intolerância geral para a mudança.
Kotter sugere que a capacidade de se adaptar não se baseia apenas na construção de uma estratégia, estrutura, cultura ou sistemas adequados. Por seu lado, uma mudança bem-sucedida assenta especificamente em focar e alterar o comportamento. Já sabemos que isso não é tão simples como parece, mas há esperança. A chave para a mudança de comportamento — pessoal, nos líderes de equipas e nas organizações — é vincular o resultado desejado aos sentimentos de cada participante. O apoio emocional e a conexão promovem a ação transformadora.
Inspirar mudanças nos negócios
Em última análise, a mudança bem-sucedida nas organizações começa por enquadrar adequadamente um problema de maneira que o conecte a si e à sua equipa, motivando-os a um nível psicológico. A mensagem de mudança necessita de ser positiva, inspiradora e tem de ressoar. Quando confrontadas com a necessidade de mudança, também é essencial que as pessoas envolvidas tenham uma estrutura de apoio adequada. A probabilidade de uma mudança bem-sucedida aumenta exponencialmente quando as pessoas estão rodeadas por um feedback construtivo em vez de essas ações serem impostas.
O poder dos colegas
Como empreendedores ou empreendedoras, a nossa capacidade de mudar e de nos adaptarmos é, sem dúvida, o fator mais importante para o sucesso a longo prazo. Empresas estagnadas não conseguem prosperar, crescer ou sobreviver. Perguntemo-nos a nós mesmos, quão recetivo somos à transformação, aosnossos processos e em toda a nossaempresa e negócio?
Comecemos por ambicionar uma melhoria contínua. O passo seguinte passa por encontrar essa conexão emocional, com pessoas e grupos que podem ajudar ao processo de mudança. Para líderes empresariais, essas relações muitas vezes são encontradas fora de sua própria empresa, sob a forma de conselhos consultivos. Os conselhos consultivos proporcionam aos proprietários de empresas o suporte necessário e a conexão emocional que atuam como catalisadores para o progresso e até mesmo a inovação.
Como líder de uma organização, tenho o privilégio de testemunhar o poder da conexão. É incrível observar o que podemos alcançar junto de empresários e executivos que se preocupam com o bem-estar e o respeito uns dos outros, que apoiam e se elevammutuamente nos seus caminhos de transformação.
Rita Maria Nunes, country manager da TAB Portugal