A corretora online ActivTrades, que atua no mercado de derivados financeiros há mais de 20 anos, decidiu apostar em Portugal para estabelecer o seu centro de operações europeu, num investimento compreendido em dois milhões de euros. Obtida a licença da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a empresa fundada por Alex Pusco está agora preparada servir os investidores de retalho residentes em 19 países da União Europeia (UE), permitindo-lhes negociar mais de mil produtos - sendo a sua oferta focada em CFD (Contratos por Diferença) - entre as três plataformas de que dispõe.
Ao Dinheiro Vivo, Ricardo Evangelista, diretor executivo da ActivTrades Europe, a subsidiária da PLC para o Espaço Económico Europeu (EEE), explica que após o brexit, a corretora perdeu o passaporte para operar na UE através de Londres, no Reino Unido, onde está sediada desde 2005. "Foi necessário tomar uma decisão de urgência", conta. A solução passou pela abertura de uma filial no Luxemburgo, que, passado uns tempos, revelou não ser a geografia mais indicada para o projeto. "Começámos a procurar um novo lugar para instalar o hub europeu" - e eis que surgiu Lisboa.
A estabilidade política e social do país foi um fator decisivo, numa lista de outros tantos que se destacaram: a cultura financeira da capital, a disponibilidade de talento qualificado para recrutar, a seriedade do regulador e, claro, a competitividade no que toca aos custos fixos. "Portugal é ainda bastante competitivo neste matéria, embora tudo esteja a ficar mais caro e os salários estejam a subir", nota o responsável, com 12 anos de casa.
Apesar de o capital mínimo exigido ser de 750 mil euros, a ActivTrades decidiu investir dois milhões, que serviram para cobrir não só os custos de licenciamento, mas também um escritório no centro da cidade, capaz de proporcionar "boas condições" aos colaboradores. Atualmente, 14 pessoas trabalham a partir do hub da capital, mas o objetivo é subir o número de profissionais para 25 até ao final deste ano.
A sucursal no Luxemburgo encontra-se ainda a prestar serviços ao nível da liderança de operações, porém, o intuito, diz o líder da corretora, é que a supervisão de toda a atividade na Europa (incluindo gestão de risco, compliance e gestão financeira) transite para a sede portuguesa. Parte do plano da empresa - que conta com presença no Brasil, Bahamas, Bulgária e Itália - passa ainda pelo outsourcing noutras entidades do grupo, nomeadamente no que respeita ao apoio ao cliente.
Dos 145 mil clientes globais da ActivTrades, mil são nacionais. Nas palavras de Ricardo Evangelista, Portugal, no âmbito dos produtos oferecidos pela corretora online, "é menos maduro do que outros mercados", como, por exemplo, o Reino Unido, "onde existem mais investidores de retalho e as pessoas têm, geralmente, mais literacia financeira". Contudo, refere, "começamos a ver muitas pessoas interessadas em negociar" - ainda que a aversão ao risco seja um ponto a trabalhar.
É precisamente no país que agora a acolhe e em Espanha que a ActivTrades quer reforçar a sua aposta nos próximos tempos. Estimando a existência de cem mil traders no mercado ibérico, a empresa definiu como meta alcançar 10% deste potencial, ou seja, dez mil clientes, até 2025. O diretor executivo acredita que a própria longevidade da marca, que comprova que "passou no teste do tempo", e o seu serviço "diferenciado" de apoio ao cliente, disponível em várias línguas e 24 horas por dia, ajudarão a cumprir as metas. A estes soma-se ainda o poder da palavra: "30% dos novos clientes que chegam até nós foram recomendados por investidores da carteira".
A abertura de conta na ActivTrades é feita de forma totalmente online e gratuita, exigindo apenas aos utilizadores que preencham um formulário, cuja finalidade é confirmar se os mesmos preenchem os requisitos impostos pela CMVM, em função da legislação europeia. O questionário inclui perguntas sobre o conhecimento e experiência em negociação, bem como as condições financeiras do cliente. "O único custo é o spread, cobrado quando se faz negócio."
Dentro dos CFD, os investidores inscritos na corretora encontram um leque de opções, que vão desde ações e moedas a matérias-primas, como ouro e petróleo, tendo acesso aos preços desses ativos em tempo real.
Nos contratos por diferença, explica Ricardo Evangelista, "a pessoa que está a negociar nunca fica detentora do ativo subjacente, como se estivesse a comprar as ações. Está a apostar na performance do preço daquele ativo, tal como faria se comprasse, mas não tem custódia sobre o produto".