As obras de Angélico Vieira, com os D'ZRT e a solo, incluindo um segundo álbum ainda por editar, vão gerar receitas durante os próximos 75 anos.
A família do músico e actor falecido ontem, vítima de acidente de viação, vai ter direito a receber royalties pelas vendas dos discos e também pelos direitos de autor, já que o artista era também compositor dos temas. No primeiro caso, as receitas serão entregues por um período de 50 anos. E no segundo, durante 75 anos.
No caso das royalties geradas pelas vendas dos discos, a família tem direito a receber entre 8% a 12% da facturação conseguida, quando a editora paga a gravação e produção dos disco, que é o caso de Angélico e dos D'ZRT. Caso o artista pagasse a sua prórpia gravação a royaltie a pedir à editora pelas vendas iria de 16% a 24%.
A isto há que juntar ainda as receitas geradas pelo uso, cópia ou transmissão dos temas do músico, enquanto membro da banda e também a solo. A lei define que o artista receba 10% sobre o preço da venda do disco seja em formato físico (CD), digital, vinil ou DVD. Além disso recebe ainda uma percentagem variável por cada reprodução pública, seja ao vivo, na televisão ou rádio.
Uma vez que Angélico Vieira era também o autor dos temas significa que os seus herdeiros legítmos terão ainda direito a receber direitos conexos, pagos aos músicos que gravaram ou participaram no disco.
Todas estas royalties serão pagas sobre a totalidade dos álbuns dos D'ZRT, que venderam mais de 320 mil discos até à data, e também sobre o primeiro álbum a solo de Angélico, que vendeu mais de 20 mil cópias.
Será ainda preciso juntar a este espólio, todos os álbums dos D'ZRT editados daqui para a frente, mas que incluam temas compostos ou interpretados por Angélico Vieira, como por exemplo, um best of , e ainda o segundo álbum de solo do artista.
De acordo com a editora de Angélico e dos D'ZRT, a Farol Música, "o disco estava a ser gravado e não tinha nem data de lançamento agendada, nem nome, nem capa". Contudo, tudo indica que poderá ser lançado em breve, mesmo depois da morte do cantor. Ainda hoje, a editora fará um comunicado oficial sobre o assunto.
Até à data, pelas contas do Dinheiro Vivo, e tendo por base os 320 mil discos que os D'ZRT venderam e os 20 mil que o primeiro álbum a solo de Angélico vendeu, as receitas geradas com as vendas terão ultrapassado os 3,4 milhões de euros, revertendo cerca de 340 mil (10%) para os artistas. Isto porque as royalties são pagas sobre o preço a que as editoras vendem o disco às lojas que, no caso da música portuguesa, ronda os 10 euros. A este valor aplica-se depois o IVA e por isso é que o CD chega aos 13 ou 14 euros.
Contudo, estes valores referem-se apenas às vendas atingidas por estes álbuns enquanto estiveram no top de vendas. É ainda preciso contabilizar o número de vendas efectuadas que não chegaram à platina, ou seja, aos 20 mil discos vendidos, pelo que as receitas podem ser superiores.
Além disso, é ainda preciso juntar as receitas dos espectáculos ao vivo, que segundo o administrador da Sociedade Portuguesa de Autores, Tozé Brito, são, hoje, as principais receitas dos artistas.
Angélico Vieira, músico e actor de 28 anos, faleceu na terça-feira, vítima de um acidente de viação ocorrido na noite de sábado.