As imagens espaciais dos incêndios perto da central nuclear de Chernobyl

A Agência Especial Europeia mostra imagens dos incêndios que atingiram a zona de Chernobyl. Kiev acordou hoje com níveis recorde de contaminação
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Um surto de incêndios florestais ameaçou a central de energia nuclear abandonada de Chernobyl, na Ucrânia. A Agência Espacial Europeia divulgou agora fotos do satélite Copernicus Sentinel-2, que ilustram a situação antes dos incêndios - a 7 de abril - e durante, a 12 de abril. A imagem de 12 de abril foi editada de forma a mostrar as diferenças térmicas, o fumo dos incêndios e, também, a área queimada.

A delegação russa da Greenpeace indicava esta segunda-feira que as análises às imagens de satélite mostraram que o incêndio esteve a apenas 1,5 km da cúpula protetora, colocada por cima do reator destruído em 1986.

Durante a semana as autoridades ucranianas indicaram que o incêndio que começou a 4 de abril na área de exclusão já estava controlado. "Não há chamas", era garantido pelo Ministério do Interior da Ucrânia num comunicado citado pela Reuters, acrescentando que havia, apesar disso, "um pequeno fumegar do solo da floresta".

De acordo com a polícia local, o incêndio terá começado quando um homem ateou fogo a uma zona de mato seca.

Yaroslav Yemelianenko, diretor da associação de visitas guiadas a Chernobyl, explicou à AFP que as chamas atingiram a cidade fantasma de Pripyat, próxima da antiga central, cujos 50 mil habitantes foram retirados após a explosão do reator em 1986. Pripyat tornou-se um destino popular e recebe turistas de várias partes do mundo. "A situação é crítica", escrevia há alguns dias Yemelianenko na sua página no Facebook.

Os efeitos já se estão a sentir em Kiev, na capital da Ucrânia. A cidade acordou esta sexta-feira com um nível recorde de contaminação e envolta num fumo espesso vindo dos incêndios florestais da zona de exclusão de Chernobyl - a 100 km de Kiev. A cidade que tem mais de três milhões de habitantes, foi vítima de uma tempestade de areia quinta-feira à noite provocada por rajadas de vento.

De acordo os índices medidos pela IQAir, empresa especializada em tecnologia da qualidade do ar com sede na Suíça, Kiev acordou assim com um alto nível de contaminação, um fenómeno que "não representa uma ameaça química, nem radiológica", garantiram as autoridades ucranianas. No entanto, foi feito o pedido aos moradores da capital que permaneçam em casa, com as janelas fechadas.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, admitia há uns dias estar a "monitorizar cuidadosamente" a situação e agradeceu aos serviços de emergência pela "coragem". Foi ainda prometida transparência, até porque o historial relacionado com o acidente nuclear de Chernobyl de abril de 1986 está envolto em mentiras com custos de vidas humanas, como é evidenciado na mini-série da HBO de 2019, Chernobyl. No Twitter que Zelensky dizia: "a sociedade precisa de saber a verdade e estar em segurança".

A explosão do quarto reator de Chernobyl, em abril de 1986, contaminou grande parte da Europa e ainda hoje é proibido viver num raio de 30 quilómetros da antiga central. Uma cúpula gigantesca foi colocada sobre o quarto reator em 2016. Em 2018, mais de 70 mil pessoas visitaram a cidade de Priyat, tendo esse número sido ainda maior no ano passado, graças ao sucesso da minissérie da HBO.

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