"Não comecei a vestir bonecas como muitos estilistas que . começaram cedo, mas andei entre máquinas e teares com o meu avô e . depois com o meu pai", conta Miguel Gigante, para explicar a . paixão que o levou a regressar de Mafra, onde viveu durante anos, à . Covilhã, onde nasceu, para lançar aquele que acredita ser um . projecto familiar de sucesso. . No seu Atelier do Burel, Miguel fabrica de modo artesanal mas com . design contemporâneo peças de roupa (casacos, capas, agasalhos), . acessórios (carteiras e malas de senhora, chapéus, etc.) e de . decoração (painéis de parede, candeeiros, almofadas) em burel, o . tecido usado nos abafos dos pastores da serra da Estrela. Os preços . vão dos 4 euros (acessórios) aos 240 euros (por um painel . decorativo). O burel é um tecido feito de lã de ovelha de cor . escura que é urdida, tecida, escaldada e pisada para ficar compacta, . tornando-se impermeável à chuva e ao vento que fustigam a região. . Atraído pela complexidade do processo, Miguel deixou para trás a . roupa por medida, a modelagem e o acompanhamento de produto a que se . dedicara em regime freelance desde os 15 anos para explorar o burel. . Juntou-se a quatro pessoas, no coração da Covilhã, para lançar o . projecto, e dali chegou a lojas de referência em Lisboa, no Porto, . em Évora e em Sintra - onde há muitos clientes, especialmente . turistas -, além de marcar presença em feiras internacionais como . Milão (Itália) ou Genebra (Suíça), onde irá em Novembro. . Embora não controle os números, diz que este ano já passaram . pelo seu atelier 5 mil metros de fazenda - a maior parte para fora do . País. O objectivo é "crescer substancialmente nas exportações" . - Holanda, Alemanha e Suécia - mas manter a sustentabilidade do . projecto, ou seja, rejeitar a industrialização.