Aviões e carros podem vir a transferir tecnologia entre si

O AEROCAR é um projeto cofinanciado pela UE e que pretende criar uma rede de transferência de tecnologia entre os setores aeronáutico e automóvel
Publicado a

Aviões e automóveis são setores completamente distintos mas com muito em comum, designadamente ao nível do desenvolvimento intenso a que ambos os setores têm estado sujeitos nos últimos anos. A redução do peso dos produtos finais a par do desenvolvimento de veículo mais amigos do ambiente são algumas das prioridades de ambas as indústria. A par da elevada performance.

Consciente de que muitas das inovação e das tecnologias desenvolvidas por cada um dos destes setores poderia ser aproveitada pelo outro, com menores custos de investimento, o Instituto de Ciência e Inovação em Engenharia Mecânica e Engenharia Industrial (INEGI) promoveu o projeto AEROCAR, que se irá prolongar por três anos, mas cujos resultados preliminares serão dados a conhecer esta quarta-feira, dia 12, na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto.

Criar uma rede internacional de transferência tecnológica entre os setores aeronáutico e automóvel, para maximizar o impacto dos desenvolvimentos tecnológicos recentes e futuros, é o objetivo do projeto AEROCAR, desenvolvido pelo INEGI em parceria com dois centros tecnológicos de investigação, desenvolvimento e inovação espanhóis, o Centro Tecnológico Automóvel da Galiza (CTAG) e a Leartiker, e o centro francês de investigação e desenvolvimento Rescoll.

"As diferentes prioridades destes setores, nomeadamente a importância diferenciada nos tempos e custos de produção, nos procedimentos de controlo de qualidade e nos processos de inovação, levam a estratégias diferentes na hora de incorporar as novas tecnologias à disposição. É portanto necessário avaliar o modo como cada setor as incorporou, para identificar oportunidades de transferência tecnológica intersectorial", diz Luís Pina, investigador do INEGI e gestor do projeto.

O AEROCAR é um projeto que será desenvolvido ao longo de três anos, sendo que esta fase inicial - decorreram já nove meses - foi dedicada ao estudo das tendências tecnológicas em ambos os setores e de quais as tecnologias mais propensas a serem transferidas entre eles. Nos próximos meses, os quatro centros de investigação irão decidir qual dessas tecnologias irá ser alvo de um case study e que, mais tarde, levará ao desenvolvimento de um produto final por via da integração de uma (ou mais) empresa no projeto. Luís Pina admite que será, muito provavelmente, qualquer coisa na área dos compósitos e outros materiais avançados, bem como dos processos para os trabalhar.

Tratando-se de duas indústrias que têm as suas estratégias definidas a 20 ou 30 anos, Luís Pina considera que esta avaliação do potencial de transferência intersetorial constitui "uma nova ideia de inovação, em que, em vez de se partir do zero, se parte de uma tecnologia que já existe noutro setor". Tudo em nome de menores custos e maior eficiência, não só em termos produtivos, mas também operacionais, já que carros ou aviões mais leves se traduzem "em ganhos de eficiência". Já para não falar das questões ambientais, com a reciclabilidade destes materiais e produtos.

O objetivo do projeto é envolver as empresas de ambos os setores nas fases seguintes do AEROCAR, cofinanciado pelo Programa Interreg Sudoe.

Segundo a Comissão Europeia, a indústria automóvel gera um volume de negócios de cerca de 640 mil milhões de euros anuais, o que representa 4% do PIB da União Europeia e emprega 12 milhões de pessoas. Como maior investidor privado da Europa em investigação e desenvolvimento, tem um papel fundamental como impulsionador do conhecimento e da inovação. Já a indústria aeronáutica é um dos principais setores de alta tecnologia da UE, com mais de meio milhão de trabalhadores e gerando um volume de negócios de cerca de 140 mil milhões de euros (dados de 2013).

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt