Camargo Corrêa: O novo dono da Cimpor

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A Camargo Corrêa adquiriu os 9,6% da cimenteira Cimpor detidos pela Caixa Geral de Depósitos.

A empresa brasileira lançou uma OPA (oferta pública de aquisição) sobre a Cimpor, através da sua participada InterCement, oferecendo 5,5 euros por cada acção.

Antes do lançamento da OPA, a Camargo Corrêa já era a accionista maioritária da cimenteira, com 32,9% do capital, seguida da também brasileira Votoratim com 21,2%, o fundo de pensões do BCP com 10%, o investidor Manuel Fino com 10,7% e a parcela agora vendida da Caixa Geral de Depósitos de 9,6%. O capital social restante, 15,6%, está disperso no mercado.

Quem é o Grupo Camargo Corrêa?

O Grupo Camargo Corrêa foi fundado em 1939 no estado de São Paulo por Sebastião Camargo e Silvio Brand Corrêa que deixou a empresa nos anos 60 do século passado.

O primeiro grande impulso da empresa aconteceu na década de 50, quando ganhou a empreitada para construir várias estradas de acesso à nova capital brasileira, Brasília.

A participação na construção da cidade projectada pelo arquitecto Oscar Niemeyer permitiu a Sebastião Camargo conhecer o então presidente Juscelino Kubitschek. Este relacionamento foi o primeiro de muitos que "China", como era conhecido devido aos seus olhos de traço oriental, manteve com o poder passando pelo regime militar até Fernando Henrique Cardoso nos anos 90.

A sua proximidade com o poder levou a que a Camargo Corrêa participasse na construção da maior barragem hidroeléctrica do mundo, Itaipu, na fronteira entre o Brasil e o Paraguai. A construtora não foi seleccionada pelo Governo brasileiro para participar na construção de barragem e quando o ditador paraguaio, Alfred Stroessner, verificou a ausência da empresa do seu amigo de pescarias, questionou imediatamente Brasília, ameaçando cancelar o projecto: "Onde está Don Sebastián?" O governo brasileiro recuou e entregou parte da obra à Camargo Corrêa, conta a revista Época.

Actualmente, o Grupo está presente em mais de 20 estados brasileiros e 17 países, sendo composta por 58 mil colaboradores e é controlado por três accionistas: Rosana Camargo de Arruda Botelho, Renata Camargo Nascimento e Regina Camargo Pires, herdeiras do fundador Sebastião Camargo.

As irmãs são representadas na empresa de duas formas: Através da holding Participações Morro Vermelho e pelos respectivos maridos, Rosana por Fernando de Arruda Botelho, Renata por Luiz Nascimento e Regina por Carlos Pires Dias.

O actual presidente do grupo é Vitor Sarquis Hallack, que tomou posse em 2006 com o objectivo de internacionalizar a empresa e fazer com que as receitas no exterior representam 50% do total e de alargar os negócios do Grupo, afastando-se cada vez mais do seu core business, a Construção Civil, que em 2006 era responsável por 17% da facturação, segundo a Exame Brasil.

Outro dos objectivos do presidente seria gerir as diferentes visões das três irmãs para a empresa. "As três famílias divergem frequentemente na maneira como o grupo deve atingir seus objetivos", disse um ex-diretor da empresa à revista brasileira. "E isso deverá exigir o máximo do talento de Hallack, que foi chamado justamente pelas suas capacidades de exímio negociador."

O Grupo facturou 6,6 mil milhões de euros em 2011, uma queda de 3,5% em relação a 2010, com um lucro líquido de 226 milhões de euros milhões de reais, detendo activos no valor de 13 milhões de euros.

A Camargo Corrêa tem negócios em sete sectores distintos, com destaque para os cinco principais que representam 85,2% das receitas em 2011: o Cimento, a Energia, os Transportes, Engenharia e Construção e o Vestuário e Calçado.

Actualmente, a Engenharia e Construção é responsável por 29,8% da

facturação, seguida pela Energia com 18,8%, o Cimento com 16,7%, o

Vestuário e Calçado com 14,9%, os Transportes com 5%, o Desenvolvimento

Imobiliário com 5,5% e o Naval com 3,5%.

No Cimento, o Grupo actua através da holding InterCement, accionista da Cimpor, que fechou 2011 com um crescimento de 12,5% nas vendas no Brasil em relação a 2010. Na área de Energia, detêm 25% da energética brasileira CPFL Energia. Nos Transportes, é a principal accionista da CCR, empresa responsável pela concessão de auto-estradas e estradas no Brasil e que opera a Linha 4 do metro de São Paulo.

No sector de Engenharia e Construção, está representada através da Construtora Camargo Corrêa que é líder mundial na construção de barragens, foi responsável pela construção da maior hidroeléctrica mundial, Itaipu, e está envolvida em mineração, exploração de petróleo e de gás, construção de rodovias e de portos; e no Vestuário e Calçado, o Grupo detêm a a empresa Alpargatas que é dona da marca Havaianas, entre outras.

As outras duas áreas em que a empresa opera são: Promoção imobiliária, através da Camargo Corrêa Desenvolvimento Imobiliário - CCDI e da HM Engenharia; e Naval sendo o Grupo dono do Estaleiro Atlântico Sul e de uma empresa de construção de plataformas offshore, a Quip.

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