Dica aos clubes portugueses sempre desesperados para negociarem os seus melhores jogadores para sobreviverem economicamente: vendam mas é cerveja. A solução chegou via Twente, clube de Enschede, considerado a quinta força do futebol dos Países Baixos, hoje num animador terceiro lugar no campeonato local. Os bares do estádio geraram mais lucro do que a transferência de atletas em 2023.
O comércio de bebidas no Estádio De Grolsch Veste gerou seis milhões de euros nas receitas do clube - a venda de atletas não passou dos 3,7.
O nome do estádio, entretanto, fornece pistas para esta discrepância incomum num clube da classe média alta dos Países Baixos de um campeonato da classe média alta no Europa: os naming rights foram cedidos à Grolsch, cervejeira local com mais de 400 anos de história, que faz assiduamente campanhas publicitárias e promocionais entre os adeptos dos The Reds.
No De Grolsch Veste (Fortaleza da Grolsch, em tradução livre), a média de espectadores, todos eles sedentos (literalmente) de vitórias, por jogo é de 29 563, a quarta mais alta da liga, só superada pelas dos três gigantes, Ajax, de Amesterdão, Feyenoord, de Roterdão, e PSV, de Eindhoven, atual líder do campeonato, e acima do AZ, de Alkmaar.
Não se pense, entretanto, que o Twente não vende atletas: só em 2023 gerou 15,2 milhões na transferência dos seus principais talentos, Zerrouki para o Feyenoord e Cerny para o alemão Wolfsburg, entre outros, mas o lucro real não passou dos tais 3,7, por culpa de comissões a agentes e percentuais a serem pagos a outros clubes co-detentores dos passes.
Entretanto, os tais adeptos sedentos perseguem um segundo título de campeão holandês da história, depois da inédita conquista em 2010. E, não fosse a campanha absurda do PSV, com 16 vitórias em 16 jogos, estariam a lutar pelo título, sob a liderança em campo do veterano ponta-de-lança ex-leão Ricky van Wolfswinkel e a cerveja como combustível.