Comer insetos? Têm vitaminas, sais minerais e reduzem impacto ambiental

Entre os empreendedores que procuram inovar o setor alimentar, algumas empresas começaram a investir no mercado de insetos como opção alimentar
Publicado a

Com a possibilidade de a população mundial atingir os 10 mil milhões de pessoas em 2050 e, consequentemente, a procura de alimentos disparar para níveis incomportáveis, várias empresas já começaram a explorar o potencial de usar insetos como fonte de alimentação tanto para humanos como para animais, avança o Financial Times.

Patrick Durst, especialista florestal da FAO (Organização da ONU para a Alimentação e Agricultura), afirmou que "os pioneiros do setor estão a perceber as oportunidades". As vantagens são inúmeras: os insetos têm um impacto ambiental mais baixo que outros animais usados na alimentação humana, um elevado teor de proteína e são fonte de vitaminas (complexo B) e sais minerais (ferro, cálcio e zinco). "Existe claramente um mercado para insetos comestíveis, e os empreendedores que não têm medo de arriscar estão a agir para o explorar", acrescentou o mesmo responsável.

O mercado dos insetos comestíveis, que inclui batidos e biscoitos de proteína produzidos com farinha de grilo, por exemplo, assim como, comida elaborada com larvas ou minhocas, foi avaliado em cerca de 100 milhões de dólares (cerca de 87 milhões de euros) e espera-se que possa vir a atingir os 1,5 mil milhões de dólares (cerca de 1,3 mil milhões de euros) em 2021, de acordo com Arcluster, uma empresa de Singapura que investiga novos mercados.

Governos, organizações e fundos especializados no setor do agronegócio, operações e processos relacionados com agricultura, já começaram a apoiar as startups que querem entrar neste mercado.

O número de startups que trabalha com alimentos fabricados com insetos tem vindo a aumentar de tal forma nos Estados Unidos, que este nicho de mercado já está a ficar saturado, de acordo com Aaron Dossey, fundador da All Things Bugs, uma empresa que fabricada alimentos com farinha de grilo. Esta empresa, a maior fornecedora deste alimento produzido através de grilos reduzidos a pó dos Estados Unidos, lucrou 300 mil dólares (cerca de 263 mil euros) em 2016.

Ainda que os insetos já façam parte do menu para 2 mil milhões de pessoas, Chris Nan, da Arcluster, disse que comer insetos ainda continua a causar "repugnância". Portanto, algumas das maiores oportunidades deste setor, nos Estados Unidos e na Europa, são o uso de insetos nas rações para animais.

A empresa Protix, fundada em 2009 e com sede na Holanda, que produz ração a partir de moscas, recebeu investimentos de 45 milhões de dólares (cerca de 39,5 milhões de euros), o maior valor obtido pelo segmento até agora. Kees Arts, presidente executivo da Protix, afirmou que "os insetos são parte da solução para reduzir o impacto ambiental."

Para além da dificuldade das pessoas em aceitar os insetos como fonte de alimentação, outro desafio para o setor dos insetos comestíveis é a falta de legislação para regulamentar o setor. A União Europeia já aprovou o uso de insetos para alimentação, mas apenas nas rações para peixes.

Em Portugal já servem bombons enfeitados com insetos

O chef pasteleiro Francisco Siopa começou a comercializar bombons enfeitados com insetos, no Mercado de Cascais, "é crocante e seco", indicou o chef à Notícias Magazine. Francisco Siopa costuma usar a larva da farinha, o grilo e o casulo do bicho-da-seda, todos desidratados, para as experiências. Quando questionado sobre a reação dos consumidores o chef respondeu: "como os bombons que comercializo já têm sabores estranhos, como um com ovas de sardinha, quero continuar a provocar o consumidor, desta vez com os insetos".

"Comer insetos pode vir a tornar-se uma moda como foi o sushi há uns anos", quem o disse foi o nutricionista João Lacerda, no artigo da Notícias Magazine.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt