Quem entrar no site do ClubeFashion até . à próxima quarta-feira ainda poderá comprar relógios Gant e . Roberto Cavalli com 60% de desconto. Não têm defeitos e não são . da coleção de há dois anos. . São uma das campanhas que decorrem . agora no site, cujo principal atrativo é oferecer descontos . substanciais em marcas conhecidas de moda e acessórios. Algo que . continua a apelar aos consumidores portugueses, apesar da crise: a . empresa cresceu 20% em 2012, um volume de negócios de doze milhões . de euros (as contas ainda não foram fechadas). . "Não é por ficar com uma carteira . mais fina que as pessoas deixam de querer vestir-se bem e sentir-se . bem com o seu visual", atesta Geert van Hassel, o novo diretor . executivo da empresa. "Se o dinheiro fosse ilimitado, talvez as . pessoas não procurassem descontos, iam gastá-lo à Avenida da . Liberdade." Van Hassel é o primeiro diretor executivo externo à . equipa que fundou o site, criado há sete anos numa altura em que não . havia Groupon ou LetsBonus a oferecerem descontos online.Da base de dois milhões de membros do . site, 1,6 milhões fizeram compras ao longo do 2012, o que representa . uma taxa de clientes regulares na ordem dos 80%. O ClubeFashion . despacha mais de mil encomendas por dia e o ritmo não abrandou com a . crise, pelo contrário. O que a recessão trouxe foi um aumento das . mulheres que fazem compras no site, que agora compõem 60% do total . de clientes. . "Estamos a crescer mais no segmento . mulher", afirma Geert, referindo que os homens aderiram às compras . na internet mais rapidamente "porque não adoram tanto ir às . compras e aos shoppings como as mulheres." O diretor nota, no . entanto, que o carrinho de compras dos homens costuma ter um valor . superior ao das mulheres. No bolo global, a média de cada encomenda . ronda os 40 a 50 euros. . No ano passado, dado o crescimento das . vendas, a empresa saiu da LX Factory e instalou-se num prédio . inteiro da Rua da Imprensa Nacional, ao Príncipe Real, onde tem . agora um "showroom" de porta aberta. Os clientes podem levantar . lá as suas encomendas, ganhando assim um crédito de cinco euros, . podem experimentar peças ou fazer trocas e até comprar diretamente. . Mas Geert ressalva que o ClubeFashion nunca será um retalhista de . moda com lojas de rua. É precisamente por não ter essa estrutura . física que a empresa consegue oferecer descontos tão substanciais, . que por vezes atingem os 70% e 80%. . "Não tendo os custos fixos de lojas . de porta aberta e encurtecendo o circuito, isso permite-nos ter . preços bastante mais interessantes", explica o responsável, . acrescentando que "sobre esses preços não precisamos de pôr a . mesma margem que um retalhista normal." É raro o uso de coleções . passadas, salvo se forem artigos clássicos. . "Não queremos posicionar-nos como um . outlet típico, com montes de roupa de há alguns anos. Podemos ter . coisas intemporais, como os sapatos de vela, botins", adianta o . responsável. "Evitamos ter coleções e peças datadas." Por . outro lado, os próprios representantes das marcas têm optado por . stocks mais pequenos, de forma a não serem obrigados a escoá-los . fora de prazo. O que não impede que "quando os importadores veem . que não estão a vender bem" encontrem no ClubeFashion ajuda para . acelerar as vendas. . O plano de Geert van Hassel passa por . expandir a empresa para os países lusófonos da África. O site já . vende de forma consistente para Angola, apesar de serem ainda volumes . baixos (apenas 3% das vendas do site são internacionais) e a ideia é . preparar a estrutura em Portugal para escalar, nomeadamente ao nível . do processamento de encomendas e da logística. . Está ainda no horizonte a introdução . de mais produtos, sendo que o site já tem secções de Leilões e . Oportunidades. "Uma área que poderia interessar tem a ver com . viagens e turismo, em que estamos a dar os primeiros passos." Geert . reconhece que o mercado está saturado de ofertas com este tipo de . produtos, normalmente com sites de desconto coletivos. "Mas não . quer dizer que esteja tudo muito bem feito", aponta. "Já criámos . uma marca de confiança e o comprador quando está satisfeito volta. . Temos uma porta de entrada privilegiada, e ainda por cima temos as . instalações no centro de Lisboa. Damos a cara."Algumas das modificações que o novo . diretor executivo quer fazer é melhorar a eficiência de alguns . processos e reduzir o tempo de espera do consumidor até receber a . encomenda. Como a empresa não trabalha com stocks, os prazos mais . comuns rondam os 15 a 20 dias. Algo onde o gestor belga radicado em . Portugal vê oportunidade de melhorar. . Em 2013, a expectativa não é de que o . ambiente económico melhore, mas o ClubeFashion pretende voltar a . crescer 20%. "Até nos pode beneficiar, porque estamos a oferecer o . nosso contributo aos consumidores para aliviarem a crise." Os . números globais confirmam a tendência de subida nas compras online: . entre setembro de 2011 e fevereiro de 2012, os portugueses gastaram . 1,63 mil milhões de euros, de acordo com um estudo Mediascope . Europe/ACEPI sobre os hábitos de consumo online da Europa, que . inclui Portugal.