Como olham as PME para a Banca

Publicado a

As pequenas e Médias Empresas estão a falhar os pagamentos aos bancos, porque muitas basearam o seu crescimento em financiamentos na banca. Numa reacção aos dados do último boletim estatístico do Banco de Portugal, duas empresas - a Psiengine (de desenvolvimento de software) e a Safira (consultora nas áreas das tecnologias de informação) analisam a situação das PME.

"Muitas PME basearam o seu crescimento em financiamentos na banca para fazer face aos negócios que eram expectáveis, garante fonte oficial da Psiengine. "Porém tal por vezes não aconteceu. A carga fiscal que é elevadíssima, os restantes compromissos legais e os custos fixos não são indexados aos negócios, pelo que quando o volume de negócios abranda todo o encadeamento se ressente".

A empresa de software acrescenta que "a lógica de adequar os custos fixos não era, até há bem pouco tempo, prática nas PME, como por exemplo práticas adequadas de contratar o headcount ou o mesmo o licenciamento de software. Por outro lado, muitas PME por estarem muito dependentes dos seus clientes para fazerem face aos seus compromissos imediatos, não dispondo de cashflow de capitais próprios, em particular as que estavam directamente relacionadas com empresas do sector público, sofreram pelos atrasos de pagamentos destes, sendo obrigadas a endividar-se para continuar a manter as organizações à espera de ver liquidadas as suas facturas".

Na mesma situação está a Safira. "Felizmente não estamos nesta situação de pagamentos em atraso, quer à banca, quer ao estado, quer a colaboradores, quer aos seus fornecedores. É previsível que empresas que não se preocupem em cobrar os seus clientes a tempo e horas, mas que queiram honrar os seus compromissos com empregados, fornecedores e com o estado, acabem por utilizar as linhas de crédito que a banca disponibiliza", garante fonte oficial da empresa. "Este tipo de gestão, num clima em que os juros estão a subir e os clientes a atrasarem mais os seus pagamentos, pode originar uma bola de neve de juros bancários que são incomportáveis para as PME. Normalmente acabam por utilizar as contas caucionadas a 100%, depois deixam de pagar a fornecedores ou ao estado, e a situação acaba por ser incomportável quando têm de atrasar o pagamento de salários. Tal como os consumidores procuram ajuda quando não conseguem pagar as prestações dos seus empréstimos, é importante que as PME façam o mesmo. A banca não tem qualquer interesse em aplicar juros em cima de juros de empréstimos que não vão ser sanados, por isso é sempre preferível reestruturar os créditos, eventualmente transformar contas correntes em empréstimos de mais médio prazo".

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt