O livro "Contas-Poupança" nasceu com o objetivo de ajudar os consumidores. No entanto, o jornalista Pedro Andersson do programa dedicado às finanças pessoais da SIC, tenta agora trazer aos portugueses um manual prático que os ajude a aplicar melhor as suas dicas..Mas qual é então o segredo para poupar? Pedro Andersson diz-nos que é comparar e renegociar tudo. Em entrevista ao Dinheiro Vivo, o autor traz-lhe algumas dicas de poupança e fala-nos um pouco da importância do dia 31 de outubro, o qual assinala o Dia Mundial da Poupança..Escreveu um livro sobre "Contas-Poupança". Considera-se uma pessoa poupada?.Neste momento, sim. Mas não foi sempre assim. Só percebi que andei anos a fio a desperdiçar (literalmente) milhares de euros, porque simplesmente apareciam as contas para pagar e pagava-as sem questionar se podia ter exatamente o mesmo produto ou serviço por menos dinheiro. Foi a crise da Troika que me abriu os olhos. De repente, com os cortes, tive de me questionar onde podia cortar despesas e descobri que podia cortar em todas mantendo ou melhorando o que tinha, sem perder nenhuma qualidade de vida. Hoje, posso dizer que sou poupado (no sentido de usar bem o dinheiro que tenho disponível), não no sentido de me sacrificar ou sacrificar a minha família para poupar..Foi por isso que quis escrever este livro?.A rubrica "Contas-poupança" no Jornal da Noite na SIC às quartas-feiras tem tido um sucesso incrível ao longo destes 5 anos. Mas a televisão é efémera e nem todos conseguem ver todas as reportagens emitidas ao longo destes anos todos. A editora Contraponto, nova chancela do Grupo Bertrand Círculo, desafiou-me para juntar em livro as melhores dicas das reportagens e as mais relevantes em termos financeiros. Estão organizadas por temas. É muito fácil encontrar a informação e colocar em prática porque está escrito como um manual de poupança "faça você mesmo”. Tudo está explicado de forma clara, direta e descomplicada. Só não poupa quem não quiser..Qual foi a lição mais valiosa que aprendeu para manter as suas finanças sob controlo?.Saber exatamente quanto ganho. Não é piada. Se perguntar a alguém se sabe quanto ganha (ou o cônjuge) só sabem dizer por alto. Pode haver diferenças de 100 ou 200 euros entre aquilo que um casal pensa que ganha e o que realmente entra na conta bancária. Depois tem de saber exatamente quanto gasta em cada despesa que faz mensal ou anualmente (no caso de alguns seguros e impostos). A seguir, tentar reduzir uma a uma. E fazer isto uma vez por ano para tudo. Resulta!.Que dicas daria aos nossos leitores para gerirem melhor as suas despesas?.Colocar numa folha de papel todas as despesas que têm. Entregar todos os seguros a um mediador para rever todos. Procurar um banco que lhe faça um juro mais baixo para todos os créditos que tem. Nunca se endividar para comprar uma coisa que não precisa mesmo. Nunca usar um empréstimo para pagar outro empréstimo (é fatal). Renegociar sempre (antes de incumprir) os que tem. Podem encontrar muitas outras dicas no livro. São tantas. O importante é o montante que poupa quando junta todas. O valor é impressionante..Há diferenças na poupança quando se tem um orçamento familiar maior ou mais pequeno. Qual é o primeiro passo em cada um dos casos? Há conselhos comuns?.Quando se ganha pouco é mais fácil gerir o que se tem, porque já se sabe à partida que tem de fazer escolhas racionais. Sei de casos de pessoas que ganham 5 mil euros por mês e chegam ao fim do mês com menos dinheiro que um casal em que ganham ambos o salário mínimo. Não se pode gastar o que não se tem. Este conselho vale para quem ganha 500 e quem ganha 5 mil. Se já ultrapassou a linha vermelha há soluções. A renegociação de créditos e a consolidação de créditos. Falo destas duas situações no livro "Contas-poupança" sobre como deve fazer para pôr as contas em ordem. Todos devem colocar 10% do que ganham de lado todos os meses, até terem pelo menos 6 meses de salários guardados para uma emergência. Isto é básico, desde que se possa fazer, claro. Há casos em que chegar ao dia 31 com 5 euros na carteira é um milagre. Mas se conseguir esses 5 euros é porque está a fazer tudo bem. É esse o caminho..Quais serão as primeiras alterações a nível económico que irão saltar à vista após as pessoas começarem a utilizar o "Contas-Poupança"?.Primeiro, vão ter imediatamente a consciência de que se não estiver atento são as empresas a mandar na sua carteira. E isso não pode ser. Passa a perceber que pode perfeitamente controlar a forma como gasta o dinheiro. Compreende que pode negociar com as empresas desde que conheça os seus direitos e alguns "truques". O dinheiro é seu, deve gastá-lo no que quiser e não no que lhe dizem para gastar. O mesmo seguro de vida, de casa ou do carro pode custar dezenas, centenas ou até milhares de euros (no caso do crédito à habitação) a menos na seguradora ao lado. Só esta dica (com todos os detalhes sobre como fazer no livro) pode fazer a diferença na sua carteira já este ano. Acabei de poupar 274 euros esta semana mudando os seguros dos dois carros lá de casa para outra seguradora, com melhores coberturas. O que é que fiz? Liguei para o mediador. O que é que fazia hoje com mais 274 euros na carteira? Imagine que consegue fazer poupanças assim (maiores ou menores) quase todos os meses. É possível. O livro explica como..Para o Pedro Andersson é importante existir um Dia Mundial da Poupança?.Sim. Pelo menos é um dia em que mediaticamente os temas da poupança têm mais destaque. Mas é pouco. Por isso é que são tão importantes páginas como o Dinheiro Vivo, as reportagens do "Contas-poupança" todas as quartas-feiras e outros blogues e especialistas em finanças pessoais em vários órgãos de comunicação social. Para nós, todos os dias são Dias "Nacionais" da Poupança. Os portugueses estão cada vez mais atentos e gerem melhor as suas finanças. Como jornalistas, sejam quais forem os meios, estamos a fazer a nossa parte, informando. Mas depois cada um é que manda na sua carteira.