Um engenheiro civil e um financeiro encontraram-se numa tasca em Sintra para almoçar. Foi um almoço que "ia mudar o rumo das nossas vidas e e revolucionar o mercado de food delivery", conta Pedro Sanches, um dos sócios do Cookoo, um serviço de entregas ao domicílio que é uma kitchen hub: "um espaço com vários conceitos gastronómicos, de onde as pessoas poderiam encomendar diferentes refeições, numa só entrega".
O primeiro Cookoo – The Kitchen Hub nasce no Alto dos Moinhos, em Lisboa, com quatro restaurantes: o Tortto (trátoria), o Zao (sushi), o Crudo (peixes crus e marinados) e o Rosita (mexicano). Os Chef Manuel Perestrelo (Fat Duck, Café Lisboa, Salmora) e Pedro Cabral (Sushi do Sá Morais e Utry) – que em conjunto lançaram em 2017 o Moço dos Croissants e, este ano, o Qura, em Campo de Ourique - são outros dos cinco sócios do projeto (Francisco Sanches e Francisco Alegrias completam os sócios de Cookoo) que tem como objetivo abrir novos hubs e expandir a outros conceitos culinários.
Mais restaurantes e mais "duas a três" kitchen hubs em dois anos
"Temos mais dois restaurantes preparados para abrir, um de comida saudável e outro de comida caseira, que se vão juntar a estes, perfazendo seis restaurantes já nos próximos meses", revela Pedro Sanches. "Estimamos, até ao final de 2019, ter à volta de 10 restaurantes diferentes com conceitos inovadores e muito saborosos."
Nos planos está ainda estender o Cookoo a outros períodos horários. "Queremos também começar a ter almoços. Acreditamos que este será um conceito muito vencedor junto de empresas e espaços de cowork, por exemplo", diz o responsável, bem como abrir mais hubs. "Os nossos objetivos passam por abrir entre duas a três lojas que permitam servir toda a cidade de Lisboa no próximo ano ou dois. Numa ótica mais a longo prazo, gostaríamos de servir ainda a grande Lisboa e outras cidades do país".
Nesta fase inicial o Cookoo – The Kitchen Hub, que implicou um investimento de cerca de 350 mil euros, funciona a partir de um único espaço, próximo do Hospital dos Lusíadas, tem ainda uma área de entregas limitada. "Fazemos viagens para entregar comida que tenham tempos máximos de 12 minutos. Numa leitura mais prática, temos um polígono de entregas que, apesar de não ser linear, forma um raio irregular com cerca de 5 km de distância, onde conseguimos efetuar entregas. Temos algumas direções em que só chegamos a 3 km e outras que vamos mais longe, o que depende maioritariamente das estradas que encontramos pelo caminho", explica.
Atualmente, o Cookoo, entre as cozinhas, a gestão, e a frota conta com cerca de 20 pessoas, "sendo que este número aumentará, naturalmente, quando começarmos a servir almoços ou a abrir novas lojas", frisa Pedro Sanches.
Com o mercado de entregas ao domicílio a crescer, impulsionado pela chegada de plataformas com a Uber Eats ou a Glovo, Pedro Sanches mostra-se otimista quanto ao sucesso de um um projeto com as características da Cookoo.
"Estudámos exaustivamente o mercado e vimos que já existiam, lá fora, várias empresas que juntavam o fator 'cozinha' com o fator 'plataforma' e que eram criadas quase em exclusivo para entregar comida em casa, apesar de em Portugal este conceito de cloud kitchen ainda não ser explorado. Contudo, todas estas empresas internacionais se focavam apenas num conceito (ou sushi, ou pizza, etc.) e nenhuma se atreveu ainda a criar um 'kitchen hub'", explica.
"Com o Cookoo, conseguimos adaptar o negócio às reais e exigentes necessidades dos clientes, pois conseguimos criar restaurantes novos com conceitos distintos à medida da demanda dos clientes ou das tendências de mercado e conseguimos, na mesma medida, eliminar algum conceito que não esteja a ser uma aposta ganha. Por outro lado, conseguimos beneficiar de sinergias de custos muito interessantes que depois nos permitem escalar os serviços de uma forma consistente", continua.
"A oportunidade de mercado também estava lá, como que à nossa espera. Um dia-a-dia cada vez mais acelerado, a crescente procura por soluções de entrega em casa, a crescente tendência para trabalhar remotamente, a vontade de experimentar cozinha do mundo, e algumas lacunas de mercado que, acreditamos nós, serão suprimidas com o Cookoo."
Vantagens face aos concorrentes: agendamento, entregas numa única ida
Pedro Sanches não descarta eventuais parcerias com a Uber Eats ou com a Glovo – que "hoje têm uma capilaridade enorme, pelo que não descartamos a possibilidade de sinergias entre todos os conceitos" – mas frisa que o Cookoo tem vantagens competitivas. "O Cookoo não é apenas uma plataforma de entrega, mas é acima de tudo um kitchen hub. E esta diferença é muito importante. O nosso negócio é a venda de refeições, sendo que quase podemos fazer um paralelismo com um restaurante só que, em vez de termos um chefe de sala e empregados de mesa, teremos um chefe de frota e pessoas a fazer entregas. E esta diferença permite-nos não sermos apenas um serviço de entregas, dado que o nosso negócio está na venda das nossas refeições, e gostamos obviamente de ter o controlo no last mile, que é a entrega ao cliente", frisa.
O Cookoo tem ainda uma vantagem adicional face aos seus concorrentes mais diretos. "Somos a única plataforma que permite pedir produtos dos vários restaurantes que apresentamos, numa só encomenda. Na concorrência, pedir uma piza e um sushi, implicaria necessariamente duas encomendas distintas que dificilmente chegariam ao mesmo tempo e que implicariam o pagamento de duas taxas de entrega distintas, e dois meios de transporte. No Cookoo, fazemos a gestão dos pedidos no nosso hub de forma a que as refeições todas do mesmo pedido saiam ao mesmo tempo, na mesma mota, e com entrega gratuita", adianta. "Este fator é muito importante. Temos uma estrutura de custos ágil. Num só espaço servimos toda uma plataforma e não temos os custos que implicam uma operação de restauração tradicional", assegura.
Os clientes podem ainda fazer as encomendas por telefone ou mesmo na loja. "Temos muito gosto que nos venham visitar, que deem feedback, que conversem connosco. Para promover isso, durante o mês de junho teremos uma campanha para incentivar às visitas, na qual oferecemos a sobremesa em compras de take away", diz.
O Cookoo tema ainda uma outra novidade: fazer o agendamento de entregas. Mas não só. A plataforma investiu no processo e entrega, com mochilas isotérmicas compartimentadas, permitindo que na mesma mala sigam refeições quentes e frias, mantendo-se as diferentes temperaturas. Trabalharam igualmente no embalamento das entregas. "O nosso packaging é igualmente inovador pois foi pensado para se adaptar a diferentes ambientes de consumo, com o objetivo de ser prático e funcional tanto numa mesa de jantar, como num jardim da cidade. No caso do sushi, por exemplo, as embalagens têm uma bandeja inferior que se puxa para tirar os menus das caixas e que, por sua vez, pode servir de bandeja para colocar cima da mesa, substituindo um prato ou pirex", descreve.
Razões que levam o gestor a prever que até ao fim do ano, o Cookoo tenha uma "faturação correspondente a 300 refeições por dia e, posteriormente, ambicionar entre 50 a 120 refeições diárias, por restaurante, dependendo dos conceitos".
A boutique criativa The Hotel foi responsável por toda a estratégia de posicionamento, comunicação e plataforma de Cookoo.
Um trabalho que envolveu uma equipa multidisciplinar durante quase um ano. "A agência trabalhou praticamente desde o primeiro dia na definição desta marca. Começando pela estratégia e benchmark, definiu-se a arquitetura de marca e seus valores", conta a Francisco Chatimsky, da The Hotel.
Todos os namings (da marca mãe e dos vários restaurantes) foram pensados pela The Hotel e as identidades gráficas desenvolvidas, com a colaboração da Desisto. Toda a produção fotográfica, do design dos packagings, decoração de loja, design de fardas, estacionário e animação de ecrãs foram trabalhadas pela agência, bem como o "desenvolvimento técnico integral e design da App Cookoo, bem como a estratégia de comunicação digital e redes sociais".