De acordo com uma investigação da Deco Proteste, realizada em 1110 lojas espalhadas por 24 concelhos e 12 distritos, quase um terço dos estabelecimentos comerciais (354, desde pronto-a-vestir, sapatarias, bijuterias, malas e acessórios, relojoarias, ourivesarias e joalharias, e óticas) não exibem nas suas montras o preço de todos os artigos expostos de forma clara e visível, o que é obrigatório por lei..Em 118 lojas (11% do total) nem um único valor estava visível a partir do exterior..Ou seja, os clientes são obrigados a entrar no estabelecimento para saber os preços dos artigos e mais facilmente poderão ser induzidos a realizar uma compra. "É sobretudo nos preços que baseamos as nossas decisões de compra", argumento a Deco, sublinhando que a lei reconhece o acesso à informação sobre o preço "sem a intervenção do vendedor". E se Bruxelas dita que todos os bens destinados à venda a retalho "devem ter o preço de forma visível e inequívoca, legível e de fácil perceção", já para os artigos que estão nas montras, a lei exige ainda uma marcação suplementar, quando as etiquetas não forem bem visíveis.."No total, 356 lojas estavam em infração, dado recorrerem exclusivamente a listas para marcar preços para alguns artigos. A lei só o permite quando a natureza do bem torne materialmente impossível usar letreiros e etiquetas", refere o artigo da Deco Proteste, publicado esta terça-feira. A associação de defesa do consumidor garante que já comunicou os resultados da investigação à ASAE.."Placas de montra em execução, em lojas com montras arrumadas, mas sem nenhum preço à vista, parece ser uma prática que visa despistar a fiscalização ou um consumidor mais afoito a reclamar. São comportamentos inaceitáveis, uma afronta aos direitos dos consumidores que afetam a transparência do mercado e dificultam a livre escolha", diz Rita Rodrigues, responsável de relações institucionais da Deco, acrescentando: "Exige-se mais e melhor fiscalização por parte da Autoridade de Segurança Alimentar e Económica [...] e também uma revisão no valor das coimas, que não parecem ser suficientemente dissuasoras"..As coimas oscilam entre 249,40 e 3740,98 euros para pessoas singulares e entre 2493,99 e 29927,87 euros para pessoas coletivas..E se nos centros comerciais as lojas são mais cumpridoras, no comércio tradicional, de rua, as montras exibem menos preços: das 439 lojas de grandes centros comerciais, 81% indicavam todos os preços, enquanto das 570 de rua apenas 62% estavam nessa situação, refere a Deco. A situação agrava-se em lojas de pequenos centros comerciais, ou de estações de transportes (metro, comboio). Nestas, em 101 lojas apenas 48 tinham todos os preços.