Donos do Chelsea querem comprar-se uns aos outros

Boehly, sócio minoritário, tenta convencer a maioritária Clearlake a vender. Mas esta pretende engoli-lo. Entretanto, há uma equipa milionária em campo a jogar todos os fins de semana.
Donos do Chelsea querem comprar-se uns aos outros
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No campo, o treinador Enzo Maresca montou um Chelsea com relativa ordem, num 4x2x3x1, que rendeu até agora duas vitórias, um empate e apenas uma derrota, frente ao invencível tetracampeão Manchester City, e um prometedor oitavo lugar na Premier League, além do apuramento para a fase de grupos da Conference League. Mas, fora das quatro linhas, é o caos: as últimas notícias dão conta de uma luta autofágica entre os donos do clube.

Mesmo com uma posição minoritária de 38,5%, o empresário Todd Boehly, 51 anos completados ontem, CEO da associação de imprensa estrangeira de Hollywood, dono do multifacetado grupo Eldridge Industries e rosto do Chelsea desde 2022, quer comprar, como contam os jornais Financial Times e The Standard, os 61,5% que pertencem à Clearlake Capital.
Por sua vez, os donos deste grupo, o iraniano mais rico do mundo, Behdad Eghbali, 48 anos, habitué nas listas da Forbes, com 80 mil milhões de dólares sob seu controle, e o americano José E. Feliciano, investidor e filantropo natural de Porto Rico, pretendem adquirir a parte de Boehly.

A parte de Boehly, entretanto, não é só de Boehly: Mark Walter, CEO da Guggenheim Partners, e o suiço Hansjörg Wyss, 88 anos, dono da Synthes, gigante da área da medicina, mas também da destilaria escocesa Glenturret e patrocinador de causas ambientais e liberais nos EUA, têm um terço cada um daqueles 38,5%.

Ou seja, os Blues vivem um impasse capaz de assustar até o pai e os filhos da família Roy da série Succession: Boehly, segundo aqueles jornais, perdeu a confiança na Clearlake Capital; e a Clearlake Capital, ainda de acordo com a imprensa desportiva e económica, perdeu a confiança em Boehly.

Como Boehly, que detém ainda a equipa de basebol Los Angeles Dodgers e uma parte da equipa de basquetebol Los Angeles Lakers, é minoritário em Stamford Bridge, a casa dos Blues, cabe-lhe reunir os fundos necessários para comprar os quase dois terços na mão dos rivais.

Estes, por sua vez, estão, de facto, interessados em comprar as fatias de Boehly, Wyss e Walter mas, na posição maioritária em que se encontram, não se sentem propriamente desconfortáveis com o atual estado de coisas - o tempo corre contra Boehly, não contra Eghbali e Feliciano.

Longe vai o tempo em que todos se aliaram e concordaram em pagar a Roman Abramovich 2,5 milhares de milhões de libras pelo clube que, nas mãos do luso-russo, viveu uma era dourada, com a conquista de cinco Premier League, cinco FA Cup, duas Champions League e duas Europa League, entre outros troféus.
A um período de 18 anos de estabilidade, no qual o português José Mourinho foi peça-chave no arranque, sucederam duas temporadas desportivas com 39 jogadores contratados, o último dos quais o português João Felix, a um preço total de 1,15 mil

milhões de libras, e um vaivém de seis treinadores, incluindo os interinos. 
A Maresca, chegado do Leicester City em junho, cabe então impor ordem naquele 4x2x3x1 à equipa de futebol de um clube que é uma completa desordem fora dele. 

NÚMEROS

61,5%

Parte dos Blues nas mãos do Clearlake Capital. Todd Boehly, o criticado rosto do clube, detém 38,5%

 2,5

Número, em milhares de milhões de libras, investido pelas partes para aquisição do Chelsea a Roman Abramovich em 2022

 39

As transferências, em meros dois anos, realizadas por Boehly e companhia, totalizando mais de mil milhões de libras investidas

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