"Portugal tem um papel fundamental na estratégia de IA do Grupo Cegid"
D.R.

"Portugal tem um papel fundamental na estratégia de IA do Grupo Cegid"

Em conversa com o Dinheiro Vivo, o responsável do Cegid para a região da Ibéria, América Latina e África diz que Portugal é peça-chave para o crescimento tecnológico do grupo e não fecha a porta a novas aquisições no nosso país
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Que planos tem o Cegid para 2025 e 2026?

Bem, antes de mais queremos continuar a crescer os nossos negócios, expandindo os nossos negócios. A nível global, a nossa meta para 2026 para o Grupo Cegid é atingir os 1,3 mil milhões de euros em receitas, em termos agregados. Como o vamos fazer? Temos um foco muito importante em ajudar os clientes com a regulamentação e com a inovação. Em termos regulatórios falo da Europa e não apenas de Portugal. Bem, há a questão da fatura eletrónica em Espanha, França e Alemanha, e uma série de outros requisitos regulatórios em diferentes países. E parte da estratégia é ajudar os clientes a cumprirem esta regulação de forma fácil. E o outro pilar é a inovação, especificamente permitir que os nossos clientes sejam mais eficientes através da Inteligência Artificial. E nisso Portugal desempenha um papel fundamental na estratégia do grupo. Temos um centro em Portugal dedicado à Inteligência Artificial generativa, com mais de 100 pessoas. E prevemos chegar aos 150 até ao final deste ano, sendo que este centro serve não só Portugal, mas todo o grupo. Mas diria que o objetivo é o crescimento contínuo, o objetivo de receita com os dois pilares: ajudar os clientes com a regulamentação e com a inovação.

No que toca à regulação, é um tema algo polémico em Portugal e também na Europa. Este é um problema maior para as empresas aqui do que noutros países? 

Não necessariamente. Penso que, no final, o nosso papel é ajudá-las a cumprirem a regulação de forma simples. Em algumas questões, como a fatura eletrónica, como o Saf-T – aliás, Portugal foi um dos primeiros países a adotá-lo, depois veio a Itália, agora vem a Espanha, e depois virá a França e a Alemanha. Na verdade, estamos a aproveitar a nossa experiência no mercado português para ajudar os clientes noutros mercados. Em última análise, trata-se de uma série de requisitos impostos pelos governos para garantir a rastreabilidade das faturas, que são pagas atempadamente. São medidas que têm um bom propósito, certo? Mas queremos fazê-lo como um parceiro estratégico para as empresas, ajudando-as a cumprir isso de uma forma simples e direta. Mas também que não se limite a cumprir a conformidade regulamentar. Ao adotar uma solução para a emissão de faturas ou para a contabilidade, isso permite às empresas automatizarem os seus processos, serem mais eficientes e expandirem os seus negócios.

Já referiu que Portugal tem um papel crucial no grupo no que toca à IA. Quais são os vossos objetivos para Portugal nos próximos anos? 

Portugal tem dois papéis fundamentais. Um deles é que é um dos nossos mercados mais importantes – é o terceiro mercado mais importante para o Cegid e tem um impacto muito significativo.

Em termos de receita ou número de clientes?

Em ambos. (...) Mas é um mercado muito relevante para nós, por si só, pelo que vale como mercado, mas também pela aposta no Centro de IA que temos entre Braga e Lisboa. O que vemos é que Portugal tem um talento tecnológico que podemos aproveitar e também dar a este talento uma proposta para trabalhar em temas inovadores, no desenvolvimento de soluções úteis para os clientes. Em última análise, fazemos aquilo a que chamamos o Cegid Pools, que é a nossa plataforma de IA, que nos permite fornecer capacidades às diferentes soluções que temos em cada mercado. Os exemplos disto incluem agentes financeiros, agentes de suporte ou soluções que nos permitem encontrar ou corrigir erros nas folhas de pagamento, por exemplo, na área laboral. E desenvolvemos tudo isto a partir de dois centros em Portugal.

E como vê o crescimento da atividade do Cegid em Portugal, organicamente ou através da compra ou aquisição de outras empresas?

Das duas formas, nós crescemos tanto organicamente como inorganicamente.

É por isso que estamos a fazer a entrevista aqui, na PhC...

Essa foi a última aquisição que fizemos em Portugal, e faz parte da estratégia do grupo: crescer orgânica e inorganicamente. O nosso objetivo é sempre o crescimento a dois dígitos e depois veremos que dados adicionais posso partilhar com o vosso jornal. [Risos]. Em termos de crescimento inorgânico, o que procuramos são empresas que se enquadrem na nossa estratégia, que tenham soluções tecnológicas muito boas, que sejam muito orientadas para o cliente e para o serviço ao cliente. Assim, estamos sempre atentos às oportunidades no mercado para complementar o nosso portefólio.

Mas existem já empresas ou estamos a falar em termos genéricos? 

Estamos sempre a avaliar oportunidades. Não posso comentar nenhuma específica, mas estamos sempre a avaliar oportunidades.

Javier, o que estou a perguntar é se o Cegid está ou não prestes
a comprar outra empresa em Portugal.

[Risos]. Não lhe vou dizer, evidentemente. Mas continuamos à procura.

E eu entendo que não o queira dizer para já. Mas já referiu o perfil das empresas que procura. A minha questão é se ainda existem empresas em Portugal, startups ou outras, que tenham o perfil necessário?

Com certeza que existem no mercado. O mercado é muito inovador, com startups e empresas já consolidadas, com soluções muito específicas e bastante poderosas. Sim, existem empresas [com esse perfil]. Mas também em Espanha e noutros mercados. [Risos]

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