A Volkswagen Autoeuropa vai receber mais 30 milhões de euros em fundos europeus entre o corrente ano (2025) e 2028 para "descarbonizar" a fábrica de Palmela, Portugal, e produzir o novo carro elétrico, cuja produção deve começar em meados de 2027. Equivale até cerca de 10% do investimento previsto, de acordo com dados da empresa.A cerimónia que marcou o início de uma nova fase de investimento e expansão industrial em Portugal, contou com a presença de Christian Vollmer, membro da administração do grupo alemão Volkswagen (VW), de Thomas Hegel Gunther, diretor-geral da Volkswagen Autoeuropa, de Manuel Castro Almeida, ministro da Economia e da Coesão Territorial, e até do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que inaugurou uma das novas máquinas.No evento, o responsável do governo revelou que o novo investimento de "quase 300 milhões de euros" está elegível para receber apoios públicos e da União Europeia (UE) pois integra três eixos prioritários "das políticas económicas nos próximos quatro anos [2025 a 2028]".Segundo Castro Almeida são eles: "descarbonização e eficiência energética; inovação; e aumento das exportações".Assim, continuou o ministro, "este Governo, e o que antecedeu, apoiaram e apoiam o Plano de Investimento em Descarbonização e Eficiência Energética para o período 2025-2028 da Volkswagen Autoeuropa, assim como a produção em Palmela" do modelo ID1, o referido carro 100% elétrico, que verá a luz do dia em 2027 e, em princípio, terá um preço de base de 20 mil euros, segundo informou já a empresa. Esta terça, o diretor-geral da operação em Palmela reiterou o valor.Elegível para receber o máximo em auxílios públicos"Com este investimento, e a transformação que ele irá provocar, ficam igualmente alargados os horizontes de confiança e de estabilidade da atual geração dos trabalhadores – e das seguintes" e "é com isto em mente que o Governo e a AICEP - Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal declaram estar disponíveis para, atribuir ao projeto de investimento a desenvolver pela Volkswagen em Portugal o nível máximo de auxílio legal e regulamentar definido pela União Europeia e pelo Estado português", acrescentou o ministro."Falamos de cerca de 30 milhões de euros de verbas europeias", disse o governante na mesma cerimónia de assinatura do caderno de intenções entre o Grupo Volkswagen e o Executivo, que decorreu nas instalações de Palmela, esta terça-feira.No encontro, os responsáveis do grupo germânico explicaram que o novo plano de investimento de quase 300 milhões de euros inclui a construção de uma nova nave de pintura dos automóveis ali produzidos (atualmente, o modelo T-Roc, a que se juntará o elétrico de pequena dimensão ID1) e inerente substituição do atual forno a gás (por um 100% elétrico), as linhas de produção e a sua adaptação para acomodar também o modelo que chegará em meados de 2027.Um dos novos equipamentos do novo plano de investimentos foi estreado pelo Presidente da República. Rebelo de Sousa foi quem carregou no botão que ligou a nova prensa de grandes dimensões, a máquina onde entram as chapas metálicas que depois são transformadas em portas, tejadilhos, capots. Servirá para fazer as peças cruciais à montagem do novo T-Roc, mas também do futuro carro elétrico ID1.Fonte oficial da fábrica de Palmela explica que, com o investimento na nova tecnologia de pintura, deve-se conseguir eliminar 100% das emissões poluentes (dióxido de carbono), até 2030, face à solução atual.Segundo maior exportador e importador nacionalDe acordo com o Instituto Nacional de Estatística (INE), que faz os rankings do comércio externo (sem atribuir valores por causa do dever de segredo estatístico), a Volkswagen Autoeuropa foi, em 2024, o segundo maior exportador nacional, a seguir à Petrogal (grupo Galp). Mas também foi o segundo maior importador, a seguir à petrolífera.Seja como for, trata-se de uma empresa de alta-tecnologia e de alto valor acrescentado que serve de âncora a um valioso cluster (sector), que concentra centenas de fornecedores e responde por milhares de empregos em Portugal.Segundo a empresa, "a fábrica de Palmela nasceu [nos anos 90 do século passado] a partir de uma joint-venture criada pela Volkswagen e pela Ford com o objetivo de construir em Portugal uma fábrica multimarca para a produção do Sharan, Ford Galaxy e SEAT Alhambra"."Em julho de 1991, foi assinado um contrato de investimento com o Estado Português, sendo até hoje, o maior investimento estrangeiro em Portugal". A fábrica entrou em velocidade de cruzeiro a partir de 1995, há 30 anos."Em janeiro de 1999, o Grupo Volkswagen assumiu 100% do capital social da Autoeuropa", passando a produzir exclusivamente veículos da marca Volkswagen.Atualmente, diz a empresa, a grande operação de Palmela emprega cerca de 4.842 pessoas e "continua a ter um grande impacto económico no país", contribuindo com o equivalente a 1,3% do Produto Interno Bruto (PIB) português.A companhia refere ainda que "tem em curso um dos maiores planos de investimento da sua história – que ascende a 600 milhões de euros – cujos principais focos serão o novo modelo, a descarbonização do processo de produção em mais de 80% e a melhoria contínua das condições de trabalho dos colaboradores".Em 2024, saíram das linhas de montagem de Palmela 236.100 veículos. Foi, diz a Autoeuropa, "o segundo melhor ano de sempre", com um débito diário médio de 955 carros produzidos diariamente. "Os principais países de destino são Alemanha, Itália e Reino Unido.".Apagão. Autoeuropa sai ilesa, mas caos nos aeroportos atinge 36 mil passageiros