Procura por casas pequenas e nas periferias dispara vendas da Century 21

Número de habitações vendidas cresceu 27% e o volume de transações aumentou 49% no primeiro trimestre deste ano. Cidades periféricas aos grandes centros urbanos atraem cada vez mais jovens e famílias.
Ricardo Sousa, CEO da Century 21 Portugal.
Ricardo Sousa, CEO da Century 21 Portugal.Leonardo Negrão/Global Imagens
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A Century 21 vendeu 3693 casas no primeiro trimestre deste ano, um aumento de 27% face ao mesmo período de 2024. O volume de transações atingiu os 824 milhões de euros, mais 49% quando comparado com o homólogo de 2024. Estes resultados, foram impulsionados pela atividade "no segmento das casas mais pequenas, muito procuradas por jovens e famílias à procura da primeira habitação", justifica Ricardo Sousa, CEO da rede imobiliária.

De acordo com o responsável, verificou-se também "um reforço muito expressivo da procura nas cidades periféricas dos grandes centros urbanos, sobretudo na Área Metropolitana de Lisboa" (AML), nestes três primeiros meses do ano. A Century 21 registou crescimentos de 56% no número de casas vendidas no concelho do Seixal, de 41% em Sintra e de 30% em Almada.

As tipologias mais procuradas nestes concelhos da AML foram T2 e T3. O preço médio no Seixal subiu para os 221.731 euros (mais 21%), em Sintra cresceu para os 218.154 euros (mais 7%) e em Almada atingiu os 232.947 euros (mais 6%).

Para Ricardo Sousa, este quadro "reflete uma mudança estrutural na procura habitacional, impulsionada pela crescente dificuldade em aceder a uma casa nas zonas centrais, onde os preços continuam elevados e a oferta é escassa". Na sua opinião, "este movimento está a transformar o mapa da habitação em Portugal, com as periferias a ganharem cada vez mais relevância na resposta às necessidades reais do mercado".

São os jovens adultos e as famílias em início de ciclo de vida, geralmente com rendimentos médios ou ligeiramente abaixo da média, e que procuram a sua primeira casa, que estão a dinamizar o mercado habitacional das periferias, adianta o gestor. Como sublinha, "a principal motivação é económica".

"Os preços nos centros urbanos tornaram-se incomportáveis, e estas famílias procuram zonas com melhor custo-benefício, ainda que isso implique maior tempo de deslocação", frisa. Ricardo Sousa lembra que existem também atributos como a tranquilidade, o acesso a espaços verdes, a maior área útil e a crescente viabilidade do teletrabalho que estão a tornar estas zonas mais atrativas.

Sonho adiado

Segundo o gestor, registou-se "um aumento da procura por parte de jovens até aos 35 anos" no primeiro trimestre deste ano, período em que a garantia pública à concessão de crédito a este segmento da população entrou em vigor. No entanto, "para muitos, o sonho da casa própria continua adiado", diz. "Obstáculos estruturais — como rendimentos baixos, precariedade laboral e dificuldade de acesso ao crédito — impedem muitos jovens de beneficiarem dos apoios existentes, como a garantia pública", aponta. E a escassez de casas acessíveis agrava ainda mais esta situação.

Para responder à crise de habitação com que o país se defronta, o CEO da Century 21 defende, no imediato, "proteger quem se encontra em emergência social, através de medidas de habitação pública". Em paralelo, "avançar com um plano estratégico a médio e longo prazo, que inclua: Planeamento urbano à escala metropolitana; revisão dos códigos de construção; mobilidade urbana eficiente; parcerias público-privadas para construir mais habitação pública.

Até ao final do ano, a procura deverá manter-se elevada, apoiada pela estabilidade no emprego, pela retoma da confiança no crédito e pelo interesse contínuo de investidores, tanto nacionais como internacionais, vaticina Ricardo Sousa. Já o ritmo de crescimento do setor poderá abrandar devido à oferta limitada de casas e às restrições orçamentais das famílias.

Como frisa, "o mercado pode quebrar" não por falta de procura, nem por falta de oferta, mas pelo "desfasamento entre os rendimentos das famílias e os preços das casas nas localizações onde realmente precisam de viver". Até porque os preços não vão descer. Nas zonas centrais, o crescimento deverá ser mais contido ou estabilizar, mas nas periferias deverá continuar a subir.

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