Sauditas recebidos nas Infraestruturas com TAP e novo aeroporto na agenda
FOTO: Paulo Spranger / Global Imagens

Sauditas recebidos nas Infraestruturas com TAP e novo aeroporto na agenda

Delegação do Conselho Empresarial Saudita-Português, liderada pelo Alwalid Albaltan, tem agendado um encontro com o secretário de Estado das Infraestruturas, Hugo Espírito Santo. Na agenda estarão os principais projetos de infraestruturas, como o novo aeroporto em Alcochete, bem como as condições de venda da TAP.
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O processo de venda da TAP deu mais um passo esta semana, com a publicação do caderno de encargos que enquadra a primeira fase da operação. Ou seja, o procedimento significa que os interessados já conhecidos - Lufthansa, IAG e Air France/KLM - poderão tomar conhecimento das condições e preparar a melhor estratégia para ficar com 44,9% da companhia. Mas há outros players atentos aos grandes projetos e negócios estratégicos como este. Desde segunda-feira que uma delegação do Conselho Empresarial Saudita-Português se encontra em Portugal, onde tem mantido encontros com membros do Governo - entre os quais o ministro dos Assuntos Parlamentares, Carlos Abreu Amorim - e outras personalidades relevantes no mundo dos negócios.

O DN sabe que a delegação - liderada pelo seu Presidente, Alwalid Albaltan - tem agendada um encontro com o secretário de Estado das Infraestruturas, Hugo Espírito Santo, para a tarde desta quinta-feira, 25 de setembro. Este encontro não estava previsto na agenda inicial da visita da delegação, mas surgiu na sequência da reunião com o ministro dos Assuntos Parlamentares na segunda-feira. São vários os temas que os sauditas levam em carteira e o teor da reunião com Carlos Abreu Amorim dá pistas sobre os assuntos que a delegação quer abordar.

A delegação saudita inclui representantes do setor privado, mas também de organismos governamentais sauditas como a Autoridade Geral de Comércio Externo da Arábia Saudita, a Autoridade Saudita para a Promoção do Investimento, o Ministério do Investimento e o Ministério da Economia e do Planeamento da Arábia Saudita. Também veio um representante da Autoridade Geral para as Pequenas e Médias Empresas (a Monsha’at).

Na reunião com Carlos Abreu Amorim, apurou o DN, a delegação saudita deixou logo claro o interesse em “oportunidades de investimento em Portugal, em particular novos aeroportos e projetos críticos”, que incluem, por exemplo, a privatização da companhia de bandeira portuguesa.

Carlos Abreu Amorim enfatizou perante a delegação saudita a importância de haver voos diretos entre os dois países. Nesse sentido, reconheceu a necessidade de maior conectividade, apontando a existência de slots (autorizações de aterragem e descolagem) disponíveis noutros aeroportos portugueses sem ser Lisboa. E recordou à delegação saudita que está em curso a privatização de 49% da TAP, expondo as condições para o investimento estrangeiro nesta matéria e prometendo informação detalhada sobre o processo.

No âmbito da iniciativa Visão 2030, um plano global de revitalização e modernização da Arábia Saudita, o reino pretende revolucionar o setor das viagens aéreas, começando por reformular por completo e expandir a sua infraestrutura de aviação. Esse plano inclui um investimento de 30 mil milhões de dólares para a construção do Aeroporto Internacional Rei Salman, em Riade, que será um dos maiores aeroportos a nível mundial. Também se prevê a restruturação dos aeroportos Rei Fahd, Al-Ahsa e Al-Qaisumah. O plano saudita prevê chegar aos 150 milhões de turistas por ano em 2030. Esse movimento não poderá deixar de impactar a aviação global e o interesse saudita nos projetos de aviação em Portugal enquadram-se neste objetivo.

O interesse dos sauditas no negócios de aviação em Portugal, seja na TAP ou nos aeroportos nacionais, deverão estar no topo da agenda do encontro desta quinta-feira entre a delegação e o secretário de Estado Hugo Espírito Santo.

A Arábia Saudita tem uma companhia de bandeira, a Saudia, com um valor estimado em 1,1 mil milhões de euros, segundo a Brand Finance. Não é, por si só, um potencial grande parceiro para a TAP, mas é uma empresa estatal saudita e está alavancada pelo Fundo Soberano saudita, o PIF, que tem atualmente mais de um bilião (milhão de milhões) de dólares em ativos sob gestão.

Na semana passada, no parlamento, o ministro das Infraestruturas, Miguel Pinto Luz, considerou que é “imprescindível” a TAP ter um “grande parceiro” internacional, europeu ou não europeu.

Na perspetiva do executivo, “para ter uma TAP forte, uma TAP robusta, não basta o maior valor [oferecido na privatização], é imprescindível um grande - grande - parceiro”.

Segundo o ministro, “este é um princípio espelhado com toda a clareza” quando ficou definido que a venda “se dirige em exclusivo a operadores aéreos ou a agrupamentos liderados por operadores aéreos”.

“Não é segredo para ninguém que a TAP é apetecível pelas maiores companhias aéreas europeias”, admitiu, ressalvando que o desenho da operação alarga as ofertas a empresas de “fora da Europa”, aumentando “a concorrência no processo de alienação e em consequência o valor” da empresa.

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