O ativo total do sistema bancário português aumentou 1,7% no final do segundo trimestre deste ano face ao trimestre anterior, informou esta quinta-feira o Banco de Portugal (BdP).
De acordo com o último relatório do BdP sobre o sistema bancário português, relativo ao segundo trimestre de 2022, os empréstimos a clientes e as disponibilidades em bancos centrais contribuíram para este aumento do ativo total em 0,68 pontos percentuais e 0,63 pontos percentuais, respetivamente.
Já o rácio de transformação diminuiu 0,9 pontos percentuais, para 79,2%, em resultado de um aumento de 2,2% dos depósitos de clientes, atenuado pela subida de 1,2% dos empréstimos a clientes.
No segundo trimestre, o peso do financiamento obtido junto de bancos centrais diminuiu 0,3 pontos percentuais, passando a representar 8,9% do ativo, e o rácio de cobertura de liquidez (LCR) cifrou-se em 262%, estabilizando face a março.
Segundo o BdP, "o aumento dos ativos de elevada liquidez foi compensado pelo aumento das saídas de liquidez".
Ao nível da solvabilidade, no segundo trimestre de 2022, os rácios de fundos próprios totais e de fundos próprios principais de nível 1 (CET 1) estabilizaram em 17,5% e 15,0%, respetivamente.
"Em ambos os casos, o ligeiro aumento dos fundos próprios compensou o aumento do montante total das exposições em risco", explica o BdP.
O ponderador médio de risco diminuiu 0,5 pontos percentuais, para 43,0%, "em resultado do aumento da importância relativa das componentes de menor risco", e o rácio de alavancagem diminuiu 0,1 pontos percentuais face ao trimestre anterior, para 6,6%.
No que se refere à qualidade dos ativos - e tal como já havia avançado na terça-feira o governador do BdP, Mário Centeno - o rácio de crédito malparado da banca portuguesa diminuiu para 3,4% no segundo trimestre, menos 0,2 pontos percentuais do que no final do primeiro trimestre e 0,9 pontos percentuais abaixo do trimestre homólogo, "refletindo a diminuição dos NPL (-4,0%) e o aumento dos empréstimos produtivos (+1,8%).
Em junho, o rácio de NPL líquido de imparidades situava-se em 1,6% (1,7% em março de 2022 e 1,9% em junho de 2021).
Entre março e junho de 2022, o valor bruto do crédito malparado dos bancos portugueses recuou 473 milhões de euros, situando-se nos 11 421 milhões de euros no final do segundo trimestre deste ano.
Em termos homólogos, a diminuição do valor dos empréstimos não produtivos foi de 2 095 milhões de euros.
Líquidos de imparidades, os empréstimos não produtivos somaram 5 418 milhões de euros no final de junho, abaixo dos 5.553 milhões de euros de março e dos 6 031 milhões de euros homólogos.
Segundo o BdP, os rácios de NPL brutos das empresas (sociedades não financeiras - SNF) e dos particulares cifraram-se em 7,6% (-0,4 pontos percentuais) e 2,6% (-0,1 pontos percentuais), respetivamente.
"A diminuição dos NPL teve um contributo superior ao aumento dos empréstimos produtivos na redução de ambos os rácios", detalha.
O rácio de cobertura dos NPL por imparidades diminuiu 0,8 pontos percentuais face ao trimestre anterior, para 52,6%, refletindo "uma diminuição das imparidades acumuladas superior à dos NPL".
Nas empresas registou-se uma diminuição de 0,9 pontos percentuais, para 53,1%, enquanto nos particulares o rácio de cobertura recuou 0,7 pontos percentuais para 51,9%, diminuindo para 64,0% (-1,8 pontos percentuais) no segmento de consumo e outros fins, mas aumentando para 34,6% (+0,5 pontos percentuais) no de habitação.
O rácio de empréstimos em 'stage 2' (com um aumento significativo do risco de crédito) cifrou-se em 10,5% (-0,7 pontos percentuais), diminuindo 1,7 pontos percentuais e 0,1 pontos percentuais, para 16,4% e 8,1%, nos segmentos de SNF e particulares, respetivamente.
De acordo com o BdP, no primeiro semestre de 2022, a rendibilidade do ativo (ROA) da banca portuguesa (índice que representa a capacidade de gerar lucro com os ativos detidos) e a rendibilidade do capital próprio (ROE) aumentaram face ao primeiro semestre de 2021, situando-se em 0,71% (+0,26 pontos percentuais) e 8,8% (+3,7 pontos percentuais), respetivamente.
Segundo o banco central, "a evolução do ROA refletiu a diminuição das provisões e imparidades (contributo de +0,27 pontos percentuais) e, em menor grau, o aumento da margem financeira (contributo de +0,15 pontos percentuais)".
O custo do risco de crédito diminuiu 0,17 pontos percentuais face ao período homólogo, para 0,17%, e o rácio 'cost-to-income' desceu 1,6 pontos percentuais, situando-se em 51,6%, "refletindo um aumento do produto bancário (contributo de -4,0 pontos percentuais) que superou o dos custos operacionais (contributo de +2,4 pontos percentuais)".