Deutsche Bank. Analistas temem efeito de contágio

Dimensão do banco alemão pode ter impacto na Europa e também em Portugal, apesar da reduzida exposição do mercado nacional. Autoridades negam resgate.
Publicado a

A guerra de multas entre a Europa e os Estados Unidos está a beliscar o maior banco europeu: o Deutsche Bank poderá precisar de um resgate se tiver mesmo de pagar os 14 mil milhões de euros de multa aplicada pelos Estados Unidos por um caso relacionado com o subprime: o valor coloca pressão sobre a necessidade de capital do banco, que tem reservados “apenas” 5,5 mil milhões para processos em tribunal. A informação avançada pela comunicação social alemã já foi negada por Berlim mas o mercado continua a olhar com desconfiança para o banco. Esta sexta-feira, as ações tocaram mínimos históricos depois da Bloomberg noticiar que vários fundos de investimento estão a retirar o seu capital do banco alemão.

Alguns analistas vêem a multa dos Estados Unidos como uma retaliação à decisão da Comissão Europeia sobre a Apple: Bruxelas quer obrigar a tecnológica norte-americana a pagar 13 mil milhões de euros em impostos na Irlanda. O próprio presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem disse estar “genuinamente preocupado” com a situação. Poucos dias depois dessa decisão foi conhecida a multa ao banco que foi considerado pelo FMI, no final de junho, como o maior risco para a economia global.

A Goldman Sachs já veio dizer que a multa pode ir até 8,1 mil milhões de dólares e a AFP garante que está próximo um acordo para 5,4 mil milhões de dólares - um valor que permite que o banco alemão pague a multa sem ser preciso ir ao mercado.

Para os analistas contactados pelo Dinheiro Vivo o maior risco de um resgate ao Deutsche Bank é o efeito de contágio para o resto da Europa, não só no setor bancário mas também na própria economia da zona euro. “Tanto para a Europa como para Portugal, o principal receio seria, provavelmente, o impacto em termos de efeito contágio, tendo em conta a natureza do setor bancário”, diz Albino Oliveira, da Patris Investimentos. Num cenário onde existe efeito contágio, diz o analista, “o principal risco seria ocorrer uma retração no ciclo de crédito na Zona Euro, com as necessárias consequências em termos de abrandamento na economia da região”.

Eduardo Silva, da XTB, lembra que “basta recuperar as declarações do FMI para perceber que perante uma situação de perdas o impacto seria desastroso a nível mundial. A dificuldade em prever a extensão dos estragos prende-se com a capacidade do maior portefólio de derivados do mundo”, ou seja, para o analista “a falta de transparência faz com que seja difícil calcular o impacto real de um cenário extremo”.

Portugal tem pouca exposição ao banco alemão mas Eduardo Silva avisa que o impacto se pode fazer sentir, até porque já foi anunciado o encerramento de 15 balcões, que levará a despedimentos.

O banco quer cortar a nível global 30 mil empregos até 2017 e tem metas ambiciosas para 2020 mas o Barclays, numa nota, refere que a multa pode dificultar o alcançar das metas.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt