O preço do petróleo atingiu ontem, em Nova Iorque, um máximo histórico de 60,64 dólares o barril, enquanto o brent foi transaccionado a um recorde de 59,21 dólares, depois do novo presidente do Irão, Mahmoud Ahmadinejad, ter prometido continuar com o programa nuclear do país, aumentando a tensão com os Estados Unidos, que têm acusado Teerão de estar a desenvolver armas nucleares.
"A situação no Irão é explosiva. O presidente Mahmoud Ahmadinejad, ultraconservador, já afirmou que o desenvolvimento da energia nuclear 'é um direito do Irão' e as suas primeiras declarações foram para atacar as companhias petrolíferas que operam no país, considerando que 'a prioridade são as empresas iranianas'. O mercado teme uma eventual redução nas exportações do Irão, o segundo maior produtor da OPEP, com quatro milhões de barris/dia, o que poderá provocar uma ruptura na oferta mundial de crude", alertam os analistas.
Para tentar travar a escalada dos preços, que este ano já subiram mais de 45%, ameaçando a retoma da economia mundial, o presidente da OPEP, o xeque koweitiano Ahmad Al-Fahd Al-Sabah, está já a negociar com os países membros do cartel um novo aumento da produção para 28,5 milhões de barris por dia, mais meio milhão de barris.
Mas o mercado desconfia da capacidade de produção da OPEP, actualmente já ao nível mais elevado desde 1987. "A Arábia Saudita é o único país que ainda tem margem de manobra para aumentar a produção em 1,5 milhões de barris. Os outros grandes países já estão a produzir à máxima capacidade e a organização vai ter grandes dificuldades em fazer face à procura", explicam os economistas.
É que, na verdade, o consumo de petróleo não pára de crescer, inflacionado pela forte procura de economias em expansão, como a China e a Índia. Este ano, de acordo com os números da Agência Internacional da Energia, a procura mundial de petróleo deverá atingir 84,3 milhões de barris por dia, mais 2,2% que no ano passado.
"Neste cenário de tensões geopolíticas e de desequilíbrio oferta/procura, os mercados estão cada vez mais inquietos e é de temer que o petróleo possa chegar aos 70 dólares o barril muito rapidamente", prevêem.