Gallo. "A crise é transitória. Estamos preocupados com o que acontecerá à marca depois"

Carioca, Laura Barros está desde o início do ano a liderar o marketing global da Gallo Worldwide.
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Todos os meses faz uma ponte aérea entre São Paulo e Lisboa para fechar as estratégias de

marketing e comunicação da Gallo, a terceira marca de azeites mais

vendida a nível mundial, depois da italiana Bertolli e a espanhola

Carbonell. Marca portuguesa é a

primeira e Laura Barros não esconde que gostaria de colocar a marca made in

Abrantes nas preferências dos consumidores mundiais.

No

Brasil já é líder. Faz parte dos lares brasileiros, garante Laura Barros que

cresceu com a marca Gallo lá em casa. Agora é responsável por levar a marca

centenária para a fase pós-crise. Depois do vidro escuro, este ano diz querer

"revolucionar" o mercado com os rótulos de itensidade de sabor.

Ajudar a escolher pelo paladar e não pelo preço. A campanha mundial está no ar.

Primeiro em Portugal, depois no Brasil.

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Laura

Barros, que começou a sua carreira no marketing da L'Oréal e Occitane de la

Provence, já tem um azeite Gallo favorito: o Novo.

O sabor

é

o tema da nova campanha global da Gallo. Porquê esta opção?

Para uma

campanha ser global, com televisão mais massiva,tem

de ter um conteúdo que seja realmente relevante para o consumidor. Para a gama

de azeite do dia-a-dia [esta questão da intensidade

do sabor] vai ajudar o consumidor na hora da decisão. A outra campanha

mundial que fizemos era mais de premium, no cabo.

Almapp

BBDO é a agência criativa. Porquê

?

É a nossa agência para as campanhas globalizadas. Se

haver necessidade de uma comunicação mais localizada avançamos. Estamos a

preparar uma campanha para a Rússia para o O meu Primeiro Azeite (para bébés),

porque nesse mercado é o item mais valorizado. Vamos ter campanhas globais, mas

nunca vamos perder as campanhas locais.

Setenta e cinco por cento das vendas da Gallo é no mercado

externo.

Brasil

é o principal mercado. Está a ganhar peso ao nível da comunicação?

No

Brasil, a Gallo estava fora da televisão em sinal aberto há algum tempo. Esta

campanha vai levar a marca para o lar das pessoas num momento de convívio.

Temos uma mensagem da marca, uma música muito conhecida, a marca consegue

expressar-se de uma forma mais multi do que só no meio revista. Acreditamos muito no

potencial emocional da marca. Escolhemos o meio de televisão para comunicar

este detalhe [a itensidade do sabor do azeite nos

rótulos] que, para nós, é fundamental.Não

é um tipo de inovação que desse para

explicar só com digital, era preciso um meio massificado.

Que

impacto pode ter esta inovação nas vendas da marca?

Num

mercado

como Portugal,mais maduro, com consumo per

capita maior, mais esta inovação é relevante: muitos consumidores estão a

conhecer o azeite, a ir para a uma segunda

garrafa. Até em mercados onde a taxa de consumo e penetração é menor, como no

Brasil, acreditamos que o projeto de intensidade do sabor ajuda o consumidor a

escolher.

A

Gallo é a terceira marca mais vendida a nível mundial, depois da

italiana Bertolli e a espanhola

Carbonell. No Brasil...

Somos

líderes de mercado, com uma quota de 30% (dados Nielsen),

bem à frente do segundo colocado, uma marca

portuguesa, [a Andorinha].

Em

Portugal a Sovena, que tem a Andorinha,

lidera em vendas com o Oliveira da Serra.Ambicionam o

regresso à liderança?

Não é uma

questão de ambicionar um regresso. Pelo próprio histórico da marca, estamos mais preocupados

com movimentos de longo prazo. É mais

importante trabalhar de forma a educar o consumidor para o consumo de azeite

para os próximos 100 anos - como foi o vidro

escuro nas garrafas ou agora este projeto da

intensidade do sabor - e agregar valor

para a própria categoria. Se conseguirmos agregar valor para a categoria, se a

conseguirmos fazer sair de uma decisão por preço, todo o mundo sai a ganhar. Não temos hoje uma ambição

de curto prazo em termos de share, mas em

termos de preferência, relevância e

reconhecimento. É o fundamento para

construir uma marca para os próximos 100 anos.A

crise é transitória: a gente entra e sai. Estamos preocupados com o que vai

acontecer com a marca também depois da crise.

No Brasil a economia está a dar sinais de arrefecimento...

A

Gallo

está presente no Brasil desde 1908. Era a marca que os meus avós e pais usavam. É líder

desde sempre. É uma marca de família, marca

de gerações, que tem um certo legado. Para

nós traz uma confiança muito grande: de alguma forma blinda a marca dessas

crises.

Como

é que estão a abordar mercados como a China ou a Rússia onde não há essa

relação histórica com a marca?

Para nós

são mercados de conquista, não só para a Gallo, como

para o mercado de azeite.

Estamos a trabalhar para recrutar e trabalhar o gosto do azeite. Há uma barreira cultural de gosto, o português e

o brasileiro tem contacto com o gosto do azeite, é um palador adquirido. Tentamos trabalhar

no recrutamento das novas gerações e na credibilidade do azeite como gordura.

Um dos

nossos principais itens na China é o azeite para bebé: O meu primeiro azeite. Em mercados como a China e a Rússia - na China há uma

política de filho único e agora netos únicos - a valorização das crianças é

muito maior. Entramos como aliado das mães, nesse momento. Temos mães que

cozinham e mostram [online] pratos de culinária para criança feitos com azeite,

na base de uma troca de mães com mães.

Para os adultos começamos pelo premium. A nossa primeira aposta

foi o Colheita ao Luar (Moonlight Harvest], onde trabalhamos muito dentro da

distribuição mas também no mercado online. Uma das questões onde temos

investido é na segurança alimentar. Eles têm enormes problemas nessa áreas: nós

temos um produto que é 100% importado, e duplamente lacrado. E isso para eles é

uma garantia de segurança, sobretudo, quando se trata de uma criança.

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