Gigas aproveita "muito pouca oferta" de centros de dados para crescer em Portugal através da Oni

Diego Cabezudo, CEO do grupo espanhol que detém a Oni, quer reforçar rede e centros de dados do operador grossista. Estima investir dez milhões em 2024.
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O presidente executivo do grupo Gigas, Diego Cabezudo, considera que existe "muito pouca oferta" em Portugal no que respeita a serviços de data center e, por isso, o grupo que lidera continuará a investir na rede e infraestrutura da Oni para reforçar a presença no país.

"Pelo contexto macroeconómico que observamos, os serviços de data center têm tido uma procura cada vez maior e, em Portugal, há muito pouca oferta. Por isso estamos satisfeitos em investir aqui", afirmou Diego Cabezudo na terça-feira ao Dinheiro Vivo (DV), quando questionado sobre os próximos passos da Gigas em Portugal.

Ontem, a espanhola Gigas anunciou um investimento de três milhões de euros na expansão do centro de dados que Oni tem no Cais da Matinha, em Lisboa. O investimento anunciado refletiu-se num rearranjo do edifício de cinco pisos para munir o data center de mais espaço físico e maior capacidade tecnológica.

Segundo a apresentação feita à comunicação social, o centro de dados ganhou mais dois mil metros quadrados para os serviços do data center (seis salas) e mil metros quadrados para escritório. A capacidade tecnológica foi reforçada, sobretudo na componente elétrica e de refrigeração dos servidores, passando a capacidade instalada do data center de 2 megawatt (MW) para 4 MW.

Acresce que o reforço das equipas com a contratação de mais 22 pessoas, "um incremento importante", notou o CEO da Gigas. O grupo Gigas conta com cerca de 350 trabalhadores, dos quais 200 trabalham na Oni.

Diego Cabezudo adiantou que a expansão do data center da Matinha não ficará por aqui, prevendo melhorias consoante as necessidades. Ainda que não "exista uma questão específica", o gestor disse que a Gigas deverá investir mais dois milhões de euros em novas melhorias da infraestrutura já em 2024.

Diego Cabezudo não detalhou os planos que o grupo tem para a Oni e para Portugal. Apenas realçou que o plano anunciado há um ano continua em curso e que "tudo passa por aumentar a cobertura e a capacidade de conectividade" da rede e serviços da Oni. Há um ano, a empresa anunciou um investimento de 30 milhões de euros em três anos na Oni.

Não obstante, citado pela Lusa, o gestor afirmou que, no próximo ano, a Gigas deverá também investir na rede de comunicações da Oni mais "sete a oito milhões" de euros. Quer isto dizer que, somando os dois milhões de euros adicionais previstos para o centro de dados e o reforço da aposta na rede de telecomunicações, a Gigas deverá investir em Portugal dez milhões de euros em 2024.

Os valores avançados para 2023 e para 2024, refira-se, inserem-se no plano de investimentos anunciado há um ano.

Questionado pelo DV se o grupo poderia estar interessado no centro de dados que a Altice tem na Covilhã e admite vender, o gestor descartou qualquer tipo de interesse. "Não é o tipo de ativo que queremos ter", afirmou.

O grupo Gigas apresenta-se como especialista em serviços convergentes de telecomunicações, cloud e cibersegurança, tendo entrado em Portugal em 2019, com a aquisição da fornecedora de serviços cloud AHP. Em 2020 comprou a Oni.

Além de Portugal, tem atividade em Espanha, Irlanda, Estados Unidos, México, Colômbia, Chile e Peru. O grupo espanhol controla nove centros de dados, dos quais dois estão em Portugal (são da Oni, um em Lisboa e outro no Porto).

A Oni insere-se neste universo enquanto operador capaz de combinar serviços de telecomunicações a soluções de cloud e cibersegurança.

A Gigas já programou um investimento de 70 milhões de euros na Oni. Primeiro, pagou 40 milhões de euros para adquirir a empresa e, depois, em 2022, anunciou a aplicação de 30 milhões de euros num plano a três anos para reforçar a rede da empresa grossista, incluindo uma oferta (sem fidelização) de banda larga de 10 Gbps exclusiva para empresas. O objetivo é que os serviços da Gigas cubram mais 120 mil empresas, no final de 2025. Há um ano, a base de clientes da Oni rondava as 25 mil empresas.

De acordo com o CEO da Gigas, os serviços da Oni já representam "mais de 50%" do negócio do grupo. Por exemplo, os serviços de telecomunicações prestados em Espanha são fornecidos a partir da Oni.

A rede da Oni, que é assegurada também por um acordo com a Altice, compreende 9 200 quilómetros de fibra ótica, distribuídos por todo o país, e mais 75 800 quilómetros de pares de fibra, entre ativos de rede próprios e arrendados ou cedidos via contratos de longo prazo. O alcance da rede é resultado de mais de 550 milhões de euros de investimento, desde a criação da Oni há duas décadas.

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