Mas estes valores são pagos a apenas cerca de 10% a 15% dos trabalhadores, adianta uma fonte da Associação Portuguesa de Empresas da Distribuição (APED). "São essencialmente trabalhadores temporários, para reforços de sazonalidade. Portugal está entre os três países europeus com menos temporários no sector, cerca de 30%.".Os valores dos ordenados mais baixos não são, no entanto, a maior preocupação dos representantes dos trabalhadores. O Sindicato de Comércio e Serviços (SCS), que celebrou o contrato coletivo de trabalho para os funcionários dos supermercados e hipermercados, que abrange 105 758 trabalhadores e fixa o salário mínimo em 515 euros, afirma que "o problema é o salário médio de 570 euros, que abrange 80% dos trabalhadores do sector e está cada vez mais próximo do valor mais baixo", sublinha Manuel Guerreiro. O sindicalista sustenta que "aumentam os salários mínimos, mas não os médios"..Por seu lado, fonte da APED diz que "98% dos associados são pequenas e médias empresas, que não podem dar grandes aumentos". Já na grande distribuição, "o salário médio está acima da média nacional, rondando os 977 euros, e tem sido aumentado acima da inflação".O problema, sublinha, "é que estes aumentos são pouco democráticos". E dá como exemplo o caso de um diretor de um departamento com dez pessoas que tem 1% de aumento para dar e em que uma recebe 5%, três 3% e as outras zero. "Há pessoas a distanciarem-se do salário mínimo e outras a aproximarem-se", lamenta..Mas se a grande distribuição paga acima da média, o que faz descer os salários para um mínimo de 515 euros? O presidente da Confederação de Comércio e Serviços explica que o sector "é muito heterogéneo. Os grandes grupos pagam acima da média, mas representam 10% dos 680 mil trabalhadores". Vieira Lopes acrescenta que "os grossistas pagam cerca de 510 euros, as empresas quase todas pagam mais e o comércio tradicional paga muito menos. Os custos de mão-de-obra são mais altos percentualmente e, dados os valores de faturação, pagam menos".