Na Grécia, os jovens com menos de 25 anos vão sofrer um corte salarial médio de 32% até 2014, mais de o dobro do que está previsto para a economia como um todo. Além disso, os cerca de 15 mil funcionários públicos a despedir dentro de 12 meses terão uma redução imediata de 40% nos ordenados. O novo salário dos funcionários "excedentários" abaterá às "indemnizações" que vierem a ser pagas. . Estas são apenas algumas das medidas que integram o novo cabaz de "sacrifícios" a pedir à população grega nos próximos anos. . Estas juntam-se a outras "reformas" (ver mais exemplos no final deste texto) que têm de ser obrigatoriamente aprovadas "antes do desembolso" dos novos empréstimos, impõe o novo memorando de entendimento com a troika, publicado na página da internet do Parlamento helénico. . Com estes compromissos já no papel, a Grécia receberá imediatamente uma primeira tranche de 14,5 mil milhões de euros (vital para evitar o incumprimento do país dentro de um mês). Esta verba faz parte do segundo programa de "resgate", avaliado em 130 mil milhões de euros. . Os termos deverão ser hoje aprovados ao detalhe na reunião dos ministros da zona euro, Eurogrupo, em Bruxelas, após semanas de impasse e de trocas azedas de palavras entre Alemanha/Holanda/Finlândia e Grécia. E de muitas greves e manifestações violentas no país do antigo dracma. . Depois de receber "luz verde", o novo empréstimo seguirá para aprovação no Ecofin e na Cimeira da Primavera. . Os jovens surgem na primeira linha de fogo. Atualmente, há 143 mil com menos de 25 anos no desemprego (o que coloca a taxa de desemprego nos 48%, o valor mais alto da União Europeia, ex-aequo com Espanha; em Portugal está em 35%)e 175 mil a trabalhar. Papademos vai aceitar uma redução de 32% nos salários dos jovens estabelecidos por acordo coletivo nacional. A ideia é criar mais empregos: se cada um ganhar menos, as empresas poderão contratar mais, diz o Governo. A par disto, o salário mínimo (hoje é 751 euros) será reduzido em 22%. . Depois, a redução brutal nos salários da função pública (em alguns casos cortes de 50%. E o plano para reduzir 150 mil postos de trabalho até ao final de 2015 num setor público que emprega 750 mil. Para tal, serão escolhidos 15 mil funcionários "redundantes" que passarão para uma reserva de excedentários. Ficam a ganhar menos 40% e, ao fim de 12 meses, serão "despedidos". O salário que ganharam durante este período na reserva já abate à "indemnização" a que terão direito. . Em Maio de 2010, a Grécia assinou um memorando com a troika, para uma linha de 110 mil milhões de euros. O dinheiro não chegou, o consenso político faltou e as metas muito exigentes impostas ao país acabaram por não ser cumpridas. Mas há já quem diga que a recessão vai ser tão violenta que nem mesmo os 130 mil milhões serão suficientes; e que o país pode ter, inclusive, de sair do euro. . Exemplos de medidas . Pensões . › Reformas do setor público são as primeira a sofrer. Espera-se um corte médio de 15% nas empresas públicas. Pensões acima de 1300 euros serão as mais afetadas . Salários . › Ordenado mínimo cai 22%, salários dos jovens recua 32%. Congelamento no setor público até que o desemprego seja de 10%. Limites à contratação coletiva: acordos só podem vigorar até um máximo de três anos . Privatizações . › Encaixe de 50 mil milhões de encaixe era inviável. A troika exige agora 4,5 mil milhões de receita acumulada até final de 2012, 7,5 até 2013, 12,2 até 2014 e 15 até 2015. Total: 39 mil milhões . Profissões . › Liberalizar o mercado de trabalho. Profissões como médico, guia turístico, contabilista, fiscalista, esteticista, cabeleireiros, avaliador imobiliário, dentista, oculista terão de ser abertas à concorrência